Desinformação sobre autismo cresce 15.000% na América Latina e preocupa famílias
Estudo inédito da Autistas Brasil e FGV revela falsas causas e curas perigosas do TEA em grupos conspiratórios
Um estudo inédito realizado pela Autistas Brasil, em parceria com o Laboratório DesinfoPop da Fundação Getulio Vargas (FGV), revelou um crescimento alarmante da desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) na América Latina e no Caribe. Segundo a pesquisa, o volume de conteúdos falsos relacionados ao autismo aumentou mais de 15.000% desde o início da pandemia de COVID-19, atingindo milhões de pessoas por meio de 1,6 mil grupos conspiratórios no Telegram.
O levantamento analisou 58,5 milhões de publicações entre 2015 e 2025, envolvendo mais de 5,3 milhões de usuários, e identificou 150 falsas causas e 150 falsas “curas” para o autismo. Entre as falsas causas, destacam-se teorias sem base científica que atribuem o TEA a fatores como o uso de 5G, Wi-Fi, micro-ondas, consumo de salgadinhos, alimentos industrializados, cosméticos e até água da torneira. Já as falsas curas incluem práticas perigosas como ingestão de dióxido de cloro, ozonioterapia, eletrochoque de Tesla, uso de prata coloidal e dietas extremas sem orientação médica.
O Brasil lidera a disseminação desses conteúdos na região, sendo responsável por quase metade das publicações sobre autismo. Foram encontradas mais de 10 mil publicações no país, que atingiram 1,7 milhão de usuários e acumularam quase 14 milhões de visualizações. Outros países com alta circulação de desinformação são Argentina, México, Venezuela e Colômbia.
O impacto humano dessas narrativas é grave. Muitas famílias, desesperadas por respostas após o diagnóstico, acabam sendo vítimas da exploração emocional e financeira, pressionadas a testar métodos que podem causar danos irreversíveis à saúde de crianças e adolescentes. Além disso, essas informações falsas reforçam preconceitos, dificultam a inclusão social e afastam as famílias do acompanhamento médico e terapias baseadas em evidências.
Guilherme de Almeida, presidente da Autistas Brasil, alerta: “Estamos diante de uma epidemia silenciosa de desinformação. A cada nova teoria sem base científica, o que está em jogo não é apenas a verdade, mas a segurança e a dignidade das pessoas autistas e de suas famílias. Precisamos urgentemente de políticas públicas, educação midiática e responsabilidade das plataformas digitais para conter essa onda de desinformação e proteger quem mais precisa de apoio, não de engano.”
A pesquisa utilizou coleta automatizada de dados em grupos abertos do Telegram, respeitando protocolos éticos e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Foram aplicadas análises de redes, séries temporais e conteúdo para entender como essas narrativas se formam e se propagam.
Este estudo reforça a necessidade de maior atenção à qualidade da informação sobre saúde, especialmente em ambientes digitais, para garantir que famílias e pessoas autistas tenham acesso a conteúdos confiáveis e seguros. A desinformação não é apenas um problema de dados, mas uma questão que afeta diretamente vidas e direitos humanos.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



