Automação Predial: O Futuro dos Edifícios Inteligentes e Sustentáveis
Como sistemas integrados transformam o consumo energético e elevam a eficiência operacional nas construções modernas
A automação predial e os sistemas de gestão integrada, conhecidos pelas siglas BMS (Building Management System) e BAS (Building Automation System), estão se consolidando como pilares da nova geração de edifícios corporativos e públicos no Brasil. O avanço é impulsionado pela necessidade de reduzir gastos com energia e atender às metas de sustentabilidade de empresas e governos.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aproximadamente 47% do consumo elétrico de prédios comerciais e públicos no país está relacionado à climatização e à iluminação. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), o uso de sensores e softwares de monitoramento pode reduzir esse consumo em até 30%.
Patrick Galletti, engenheiro especialista em eficiência energética e CEO da Retec, empresa que atua há mais de 40 anos no setor de climatização e refrigeração, explica que os sistemas BMS representam um salto na gestão de edifícios. “Eles conectam todos os subsistemas, ar-condicionado, iluminação, elevadores, segurança e até irrigação, em uma única plataforma. Isso permite controlar o uso de energia conforme a ocupação e a necessidade real dos ambientes”, afirma o profissional.
O mercado brasileiro de automação predial deve movimentar cerca de 2,8 bilhões de dólares até 2027, com crescimento médio anual de 9,5%, segundo a consultoria Mordor Intelligence. Grandes centros urbanos como São Paulo, Brasília e Curitiba concentram a maior parte dos empreendimentos certificados por padrões internacionais de sustentabilidade, como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que valoriza edificações automatizadas e de baixo impacto ambiental.
Além da economia, a automação oferece benefícios operacionais. Em edifícios corporativos, os sistemas BMS monitoram continuamente o desempenho dos equipamentos e emitem alertas de manutenção preventiva, reduzindo falhas e prolongando a vida útil dos sistemas. “A manutenção preditiva é uma das maiores vantagens. O gestor consegue prever falhas antes que elas ocorram, evitando paradas não planejadas e prejuízos”, explica Galletti.
Outro avanço é a integração com a Internet das Coisas (IoT), que permite ajustes automáticos de climatização, iluminação e segurança conforme a presença de pessoas. Em um escritório, sensores de ocupação podem desligar o ar-condicionado e as luzes em áreas desocupadas ou ativar modos econômicos em horários de menor uso. Essa automação sob demanda já é aplicada em hospitais, shopping centers e instituições públicas, onde a eficiência energética é acompanhada de metas de conforto térmico e qualidade do ar.
Levantamento da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside) aponta que cerca de 70% das novas construções comerciais no país já incluem algum nível de automação. A tendência é que, nos próximos cinco anos, o BMS se torne requisito básico para empreendimentos de médio e grande porte, alinhando-se às metas de ESG (Environmental, Social and Governance) adotadas por fundos de investimento e empresas multinacionais.
Para os especialistas, a implementação de um sistema de gestão integrado exige planejamento e capacitação técnica. “Não basta instalar sensores e softwares. É essencial que as equipes compreendam os dados gerados e saibam utilizá-los para a tomada de decisão”, ressalta Galletti. Ele acrescenta que a automação predial deve ser encarada como investimento estratégico e não apenas tecnológico, já que os retornos costumam ser percebidos em menos de dois anos, com redução de custos operacionais e valorização do imóvel.
Com o aumento das temperaturas médias nas cidades e os efeitos das mudanças climáticas, os edifícios inteligentes se tornam aliados da transição energética e da sustentabilidade urbana. O futuro da construção civil passa pela integração entre eficiência, conforto e tecnologia, e a automação predial é a base dessa transformação.
Por Patrick Galletti
Engenheiro Mecatrônico, pós-graduando em Engenharia de Climatização, pós-graduando em Qualidade do Ar, especialista em Impacto do Clima na Saúde das Pessoas pela Universidade de Harvard, CEO do Grupo RETEC, com mais de 10 anos de experiência no setor de AVAC-R
Artigo de opinião



