A ausência de um dos pais na infância: desafio e oportunidade de crescimento

Como acolher a criança e transformar a dor da falta em força interior para o desenvolvimento emocional

Ao final de outubro, o Brasil sancionou uma lei que reconhece oficialmente o abandono afetivo de criança ou adolescente como ato ilícito civil, passível de indenização. Essa legislação destaca a importância de um olhar mais amplo sobre como lidar com a ausência de um dos pais.

O texto da lei afirma que cuidar é um dever jurídico e social, e que o sustento material e o apoio afetivo são fundamentais para a formação emocional e moral da criança. De fato, ambos os pais são importantes para a construção do caráter e da personalidade infantil. Mas como fica a formação moral e emocional de crianças órfãs ou daquelas cujos pais vivem distantes, em outra cidade, estado ou país?

A ausência de um dos pais, seja por morte, escolha ou necessidade de afastamento, cria um vazio emocional e existencial. Esse vazio acompanha a criança com questionamentos sobre seu valor, pertencimento e segurança. Contudo, não cabe a nós preencher essa ausência para evitar o sofrimento, mas sim ajudá-la a perceber que há pessoas ao seu lado que a amam, apoiam e acompanham.

Nosso papel como adultos é validar a dor, oferecer apoio e ajudar a criança a reconhecer e ativar as forças internas que possui. A superação do sofrimento gera crescimento em todas as fases da vida.

A criança é quem definirá o peso dessa falta: se será marcada para sempre como uma vítima ou se transformará essa ausência em uma reserva de força interior e desenvolvimento pessoal. Quando mudamos o foco da pergunta “por que isso aconteceu com ela?” para “como podemos ajudá-la a enxergar o que existe dentro dela e em sua vida?”, abrimos espaço para que ela avance a partir de um lugar de força, e não de carência.

O verdadeiro crescimento não nasce da ausência de dor, mas da maneira como a criança — e nós junto com ela — aprendemos a iluminar o que existe, mesmo quando algo falta.

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Por Yafit Laniado

Psicanalista e hipnoterapeuta, criadora da Relacionamentoria, consultoria especializada no relacionamento entre pais e filhos

Artigo de opinião

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