Envelhecimento e Educação: Reflexões para um Futuro Melhor
A importância de discutir a velhice entre os jovens e repensar o envelhecer em uma sociedade em transformação
Pensar na velhice pode ajudar na construção de um envelhecer melhor, portanto considerar o tema num universo jovem é importante, como um tema de redação. Ainda que o número de inscritos no Enem da população 60+ tenha triplicado, e, dessa comunidade, 54% foram mulheres, provando que não há tempo para o aprendizado e sempre há tempo para sonhos adiados, o tema é muito importante e relevante.
O crescimento da população idosa indica que o Brasil está passando por uma inversão da pirâmide etária. As causas desse aumento da população idosa se dão pelas quedas nas taxas de mortalidade, melhorias na saúde e no saneamento. Impactos são sentidos na Previdência, que não estava preparada para esse contribuinte longevo, mas aparece também como consequência a economia prateada, por exemplo, que se beneficia de idosos mais abastados oferecendo mais saúde, turismo, educação e lazer para essa população.
Os próprios idosos se prepararam para essa longevidade? Pouparam? Se organizaram para essa fase? Há também as questões socioculturais como o etarismo, a exclusão no mercado de trabalho, invisibilidade social, desinteresse pela experiência do indivíduo e tantas outras que podemos citar. Além de tudo isso, o perigo dos abusos morais, físicos e psicológicos que são sofridos por esse universo envelhecido ao qual não fomos preparados. Nossa justiça previu? Protege? Dá direitos aos interesses pessoais de filhos ou parentes próximos de interditá-los e retirar seus desejos e vontades?
Simone de Beauvoir, em “A Velhice”, argumenta que em nossa sociedade a velhice é vista como um fator biológico vergonhoso. Perde função social, é marginalizada, expulsa de suas atribuições. Zygmunt Bauman, por sua vez, em “Sociedade Líquida”, aborda o isolamento e a sensação de descarte. Betty Friedan traz o envelhecimento como oportunidade — o envelhecimento não é juventude perdida, mas uma nova etapa de oportunidade e força. Mirian Goldenberg, antropóloga, pesquisadora e escritora, professora da UFRJ, tem como tese principal em sua obra “A Invenção da Bela Velhice” abordar o tema com atualidade, trazendo as possibilidades que o idoso tem de transformação e reinvenção, abordando a fase como um momento de vida que pode ser feliz e de construção.
Abaixo, algumas séries e filmes para refletirmos sobre o tema:
– Grace e Frankie — Duas mulheres com mais de 70 anos que precisam recomeçar a vida. 7 temporadas com Jane Fonda e Lily Tomlin / 2022 Netflix
– Um Senhor Estagiário — Um homem com mais de 70 volta ao mercado de trabalho, não no nível de seu conhecimento e experiência. Netflix. Robert De Niro
– Nossas Noites — Um homem e uma mulher maduros lutando contra a solidão. Netflix. Jane Fonda e Robert Redford
– 27 Noites — Filme argentino. Netflix
– Filhos querendo tirar o poder financeiro das mães se achando donos do patrimônio antes da hora. Interditar para proteger o que acham que já é deles, o que acontece mais do que você, leitor, pode imaginar.
– O Último Azul — Num Brasil distópico, idosos são convidados a partir de uma idade a se mudar para uma colônia destinada a idosos. Uma reflexão sobre envelhecimento e liberdade. Nos cinemas.
É importante pensar sobre um tema que, com sorte, todos passaremos.
Por Daisy Gouveia
Apresentadora, escritora, influenciadora digital, criadora do Clube de Leitura da Daisy, 35 anos de experiência na área da moda, autora do livro 'Costurando Minha História'
Artigo de opinião



