A Construção Diária da Igualdade Racial na Educação Infantil

Como o combate ao racismo desde a infância fortalece a representatividade e o respeito nas escolas e famílias

No dia 20 de novembro, experiências lúdicas podem aprimorar o aprendizado dos pequenos sobre o combate ao preconceito.

A Lei 14.759/23, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornou o dia 20 de novembro feriado nacional, destacando a importância da Consciência Negra no país.

Um levantamento do Datafolha aponta que creches e pré-escolas são os ambientes mais citados em que crianças já sofreram racismo, mencionados por 54% dos cuidadores. Para a psicopedagoga e escritora infantil Paula Furtado, isso mostra o quanto é preciso estar atento desde cedo e dialogar com as crianças e jovens com cuidado e transparência sobre o tema.

“O racismo não nasce com as crianças, ele é aprendido. Por isso, o ambiente escolar deve ser um espaço de acolhimento, representatividade e escuta. O olhar do educador é fundamental para intervir, orientar e transformar atitudes. Cada palavra, cada personagem, cada desenho que aparece na sala de aula pode reforçar estereótipos ou abrir caminhos de pertencimento”, afirma.

Compreender essa data vai além do combate ao racismo, envolve reconhecer a história, a cultura e o legado da população negra no Brasil. “É importante ensinar que o racismo acontece quando alguém é tratado com menos respeito por causa da cor da pele, e isso é errado. Todas as pessoas merecem ser valorizadas e respeitadas pelo que são”, enfatiza.

Dever coletivo

A educação para a igualdade tem início no ambiente familiar e se fortalece na escola. “Quando caminham juntas, a criança percebe coerência entre o que escuta e o que vê. Em sintonia, essa responsabilidade compartilhada transforma valores em atitudes cotidianas, no brincar, no falar e no olhar para o outro”, explica Paula.

Para que o combate ao racismo não seja pontual, mas faça parte do cotidiano escolar, Paula, que também é contadora de histórias, destaca o papel das experiências lúdicas no aprendizado dos pequenos. “Contos, livros, brincadeiras, cartazes, músicas e atividades que tragam personagens negros em diferentes papéis e profissões são excelentes portas de entrada. Quando contamos histórias com protagonistas diversos, principalmente os africanos, falamos sobre cabelos, tons de pele e tradições culturais, naturalizamos a diversidade”, ressalta.

Ela acrescenta que a arte, seja no desenho, na música, no teatro ou na leitura, cria espaços de reflexão e empatia. Além disso, promover rodas de conversa, projetos interdisciplinares e vivências com diferentes expressões culturais amplia o olhar da turma. “Ao utilizar livros com personagens que se sentem diferentes e conversar sobre sentimentos de exclusão e aceitação, a compreensão do preconceito começa a surgir pela via da emoção, e as crianças e adolescentes percebem como é importante tratar cada pessoa com cuidado e empatia”, analisa a psicopedagoga.

Abordar o racismo, não apenas neste dia, é importante porque as crianças e adolescentes passam a entender mais sobre a discriminação racial e suas consequências. Eles se mostram mais atentos a situações de injustiça, aprendem a valorizar as diferenças e a acolher o outro com respeito. “Para crianças negras, esse processo fortalece a autoestima, já que se sentem representadas e orgulhosas de sua história e beleza. Isso contribui para que elas se vejam como parte importante da sociedade”, reforça a especialista em educação.

E

Por Elenice Cóstola

Artigo de opinião

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