Discurso de ódio contra nordestinos cresce 821% nas redes sociais durante eleições de 2022

Estudo inédito revela aumento alarmante da xenofobia regional em meio ao debate político nas redes sociais

Um estudo recente conduzido pelo grupo Interfaces da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou um crescimento de 821% no discurso de ódio contra nordestinos nas redes sociais durante as eleições presidenciais de 2022. A pesquisa, que analisou 282 milhões de tweets postados entre julho e dezembro daquele ano, utilizou técnicas avançadas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) para identificar padrões de preconceito regional que até então eram invisíveis ao olho humano.

O levantamento mostrou que, à medida que a eleição se aproximava, palavras pejorativas como “miserável”, “analfabeto”, “burro” e “ingrato” passaram a ser associadas com frequência à palavra “nordestino” nas publicações do Twitter (atual X). Em outubro, mês dos dois turnos eleitorais, as menções ao Nordeste triplicaram em comparação aos meses anteriores, indicando uma intensificação do discurso xenofóbico.

A metodologia do estudo envolveu o uso do algoritmo Word2Vec, que mapeia a proximidade semântica entre palavras, quantificando associações entre termos em uma escala de 0% a 100%. Segundo os pesquisadores Eanes Pereira, Gustavo Campos e Sylvia Iasulaitis, as palavras ofensivas não foram pré-selecionadas, mas surgiram espontaneamente da análise dos dados, evidenciando a presença real desses discursos nas redes.

Historicamente, o preconceito contra o Nordeste não é novidade no cenário político brasileiro. O estudo aponta que episódios semelhantes ocorreram nas eleições de 2010, 2014 e 2018, reforçando um padrão cíclico de xenofobia digital. Os autores destacam que esse preconceito se baseia em estereótipos antigos, relacionados a fatores climáticos, econômicos e migratórios, configurando uma forma moderna de xenofobia regional.

Além do aumento do discurso de ódio contra nordestinos, a pesquisa também corrobora dados da ONG Safernet, que indicam crescimento expressivo de crimes de ódio online em 2022, incluindo intolerância religiosa e misoginia. Apesar das plataformas digitais possuírem tecnologia para identificar conteúdos problemáticos, a aplicação dessas ferramentas depende de decisões corporativas e regulatórias, já que a legislação brasileira ainda limita a atuação contra a xenofobia regional.

Os pesquisadores ressaltam que o discurso de ódio não atinge apenas direitos individuais, mas também compromete a democracia e a construção de uma sociedade justa, igualitária e diversa. O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e publicado na revista GEMInIS, traz dados fundamentais para debates sobre regulação das redes sociais e políticas de moderação de conteúdo.

Este conteúdo foi produzido com base em informações da assessoria de imprensa do grupo Interfaces da UFSCar. Para quem deseja aprofundar o tema, o artigo completo está disponível publicamente, oferecendo uma análise detalhada dos discursos de ódio em redes sociais por meio do processamento de linguagem natural.

EstagiárIA

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA

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