Novembro Roxo: Como lidar com a culpa e fortalecer o vínculo com o bebê prematuro

Psicóloga perinatal destaca a importância do acolhimento emocional e oferece cinco dicas para mães enfrentarem a prematuridade com equilíbrio e saúde mental

O Novembro Roxo, mês dedicado à conscientização sobre a prematuridade, chama atenção para os desafios enfrentados por milhares de famílias brasileiras. O nascimento antecipado, que ocorre antes das 37 semanas de gestação, exige não apenas cuidados médicos, mas também suporte emocional à mãe e ao bebê.

“Muitas mães se questionam se poderiam ter feito algo diferente, mas é importante lembrar que a prematuridade envolve diversos fatores, muitas vezes fora de controle”, explica Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2023, quase 12% dos partos ocorreram antes das 37 semanas de gestação, o que representa cerca de 300 mil bebês nascidos antes do tempo, segundo dados da Agência Brasil e da OMS. O país está acima da média global, estimada em 10%.

O tema ganhou reforço neste ano com a Lei nº 15.198/2025, sancionada em setembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que institui ações nacionais para reduzir partos prematuros e oficializa o Novembro Roxo como mês de conscientização sobre a prematuridade.

A psicóloga reforça que acolher as próprias emoções é fundamental para enfrentar esse período. “Cuidar da saúde mental reflete diretamente no bem-estar do bebê. Informação, rede de apoio e atenção às próprias necessidades ajudam as mães a atravessarem esse momento com mais equilíbrio”.

A especialista lista orientações que podem auxiliar as mães nesse período de adaptação:

1) Busque informações confiáveis
Entender as necessidades do bebê prematuro ajuda a reduzir a ansiedade. Converse com a equipe médica sobre os cuidados essenciais e evite fontes não confiáveis, que podem gerar mais insegurança.

2) Aceite ajuda
Os cuidados diários e o período de internação podem ser exaustivos. Divida tarefas com a sua rede de apoio, como familiares ou amigos. Pedir ajuda é importante para preservar o seu equilíbrio físico e emocional.

3) Pratique o método canguru
Sempre que possível, mantenha o bebê em contato direto com sua pele. O método canguru fortalece o vínculo, contribui para o desenvolvimento do bebê e ajuda na regulação térmica, sendo uma prática muito valiosa para mães de prematuros.

4) Cuide da saúde emocional
A culpa é um sentimento comum, mas precisa ser acolhido. A sociedade impõe à mãe a ideia de controle total, mas essa visão não reflete a realidade. Buscar suporte psicológico ajuda a lidar com essas emoções e evita que elas se tornem um peso excessivo.

5) Confie no instinto materno
Além de seguir as orientações médicas, a intuição da mãe é uma aliada importante. Cada bebê é único, e a percepção materna sobre as necessidades do filho é um recurso valioso para fortalecer o vínculo.

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Por Rafaela de Almeida Schiavo

Psicóloga perinatal, fundadora do Instituto MaterOnline, Profª-Dra., graduação em Psicologia e Licenciatura Plena em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição, pós-doutorado na UNESP/Bauru, com ênfase em Desenvolvimento Humano, Psicologia Perinatal e da Parentalidade

Artigo de opinião

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