A exposição pública nas redes sociais: análise do vídeo de Dado Dolabella e seus riscos

Como a comunicação estratégica pode equilibrar defesa pessoal e riscos jurídicos na era digital

O vídeo de Dado Dolabella reagindo às acusações de agressão feitas por Marcela Tomaszewski virou combustível para o tribunal invisível das redes sociais. A cena com ele diante da câmera, tom estrategicamente condizente e gestos calculados, reacendeu a velha dúvida sobre até onde vai o direito de defesa e onde começa a exposição.

Entre o risco e o cálculo, o vídeo de Dolabella transformou um conflito privado em um espetáculo público e, ao mesmo tempo, em um estudo de caso sobre reputação. Na era das redes, silêncio também comunica, mas nem sempre é o melhor caminho. Esse tipo de exposição pode funcionar para colocar os fatos em perspectiva, desde que feito com responsabilidade, consciência jurídica e estratégia de imagem. Do contrário, o efeito é o inverso do pretendido.

O ator se arriscou, mas sua decisão se fez necessária diante do contexto. A internet virou uma espécie de tribunal e, diante de uma narrativa unilateral, onde somente uma das partes se posiciona, essa visão parcial dos fatos pode levar a uma culpa presumida. O assunto vai esquentando e o posicionamento da outra parte envolvida fica muito vulnerável, muito prejudicado.

A escolha de Dolabella de se pronunciar com firmeza foi uma jogada de posicionamento. Foi estratégico o que ele fez para mitigar de alguma forma a visão que a mulher trouxe. O vídeo ficou natural, transmitiu verdade e foi equilibrado. Em um cenário de crise, a resposta pública pode ser o único caminho possível. Em termos de posicionamento, é assertivo mostrar o seu lado da moeda. Ele expôs os argumentos de forma clara, com início, meio e fim, respondendo ponto a ponto, porque ela já havia exposto antes, então vale colocar tudo em pratos limpos.

Porém, nem toda estratégia sai de graça. A divulgação de conversas e gravações privadas sem autorização apresenta um risco jurídico real. Vazamentos dessas gravações concebidas de maneira informal, sem avisar a outra parte e sem autorização expressa, podem trazer consequências jurídicas.

A performance, por outro lado, sustentou a credibilidade do discurso. Dolabella parece não ter recorrido a recursos artificiais, como teleprompter, que podem gerar rejeição imediata do público. É muito arriscado, porque se a pessoa não tem uma performance impecável com esses artifícios, ela soa como mentirosa. O ser humano tem um comportamento psicológico peculiar: quando percebe que há teleprompter na jogada, ele se sente enganado.

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Por Cristian Magalhães

Especialista em comunicação intencional e oratória; formado em Direito pela Universidade Federal de Lavras; especialista em mediação de conflitos judiciais pelo TJMG; reconhecido pela Jethro com título de Diplomata Civil Humanitário; palestrante em TEDx; criador do maior perfil de comunicação intencional do país; experiência em palestras corporativas e treinamento de comunicação.

Artigo de opinião

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