Arritmias Cardíacas Silenciosas: Um Risco Real Mesmo para Jovens Saudáveis

A importância da prevenção e do diagnóstico precoce para evitar mortes súbitas em atletas e praticantes de exercícios físicos

Correr, pedalar ou praticar exercícios com frequência é sinônimo de saúde, mas nem sempre de segurança cardiovascular, principalmente quando em excesso. Mesmo entre pessoas jovens e aparentemente saudáveis, arritmias cardíacas podem surgir de forma silenciosa e, em casos mais graves, levar à morte súbita.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a doença pode acometer uma em cada quatro pessoas ao longo da vida e é responsável por cerca de 300 mil mortes súbitas por ano no Brasil.

Um estudo publicado em 2025 no JAMA Network Open analisou casos de parada cardíaca súbita em jovens atletas, entre 2017 e 2022, mostrando que quase metade (49%) dos episódios resultou em morte, mesmo entre pessoas sem histórico de doença cardíaca prévia. A pesquisa reforça que, embora rara, a condição pode ocorrer em indivíduos aparentemente saudáveis, o que evidencia a importância do diagnóstico precoce e da avaliação cardiológica regular.

Há uma percepção equivocada de que apenas pessoas idosas ou com doenças cardíacas conhecidas estão em risco. Mas a verdade é que arritmias podem acometer qualquer pessoa, inclusive atletas amadores e corredores de rua. O impacto social é enorme quando eventos como esses acontecem em indivíduos jovens.

As arritmias surgem quando há uma alteração no ritmo normal do coração, que passa a bater rápido demais, devagar demais ou de forma irregular. Em muitos casos, o paciente não apresenta sintomas ou sente apenas palpitações ocasionais, tonturas e cansaço, o que dificulta o diagnóstico.

Em boa parte das mortes súbitas, o primeiro sintoma é o próprio evento fatal. Por isso, o acompanhamento médico é essencial, especialmente para quem tem histórico familiar, hipertensão, diabetes, obesidade ou pratica exercícios intensos sem avaliação prévia.

A prática regular de exercícios continua sendo um dos pilares para a saúde cardiovascular, e o risco não está na atividade em si, mas na falta de avaliação adequada.

A prática esportiva é uma das melhores formas de prevenção de doenças cardíacas, mas deve ser acompanhada de uma avaliação periódica. Exames como o eletrocardiograma, o teste ergométrico e o ecocardiograma ajudam a detectar alterações que passam despercebidas.

Entre atletas de alta performance e corredores de longa distância, o estresse cardíaco causado por treinos intensos pode, em casos raros, revelar arritmias pré-existentes. A combinação entre esforço físico extremo e alterações elétricas silenciosas aumenta o risco de eventos súbitos, o que torna a cardiologia esportiva uma especialidade cada vez mais relevante.

A diferença está em antecipar o problema. Quanto antes a arritmia é identificada, maiores são as chances de controle e tratamento, muitas vezes com procedimentos minimamente invasivos que devolvem qualidade de vida ao paciente.

Além disso, mudanças no estilo de vida são fundamentais: manter uma alimentação equilibrada, controlar o peso, evitar o tabagismo e moderar o consumo de álcool e cafeína são fatores que contribuem para o bom funcionamento do coração.

Prevenir é sempre o melhor tratamento. Para pessoas entre 25 e 45 anos que praticam atividades físicas regulares, a recomendação é incluir o check-up cardiológico na rotina.

Falar de arritmias em jovens não é alarmismo, é realismo. O objetivo é evitar o evento que não deveria acontecer. E isso só é possível quando a prevenção faz parte da rotina, mesmo de quem se sente saudável.

D

Por Dr. Leandro Costa

Cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, CRM: 131374/SP, RQE: 98346

Artigo de opinião

👁️ 76 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar