Pesquisa revela impacto da violência baseada em gênero na comunidade escolar
Estudo inédito mapeia percepções, vivências e lacunas das escolas brasileiras no enfrentamento da VBG
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Uma pesquisa inédita realizada pela Serenas traça um panorama sobre como a comunidade escolar percebe, vivencia e responde à violência baseada em gênero (VBG). Com mais de 1.400 entrevistas aplicadas nas cinco regiões do país, o estudo combina entrevistas em profundidade, grupos focais e um questionário online respondido por docentes. O levantamento foi apresentado em evento no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e os dados foram divulgados pela assessoria de imprensa.
Os resultados confirmam que meninas são o principal alvo da VBG, muitas vezes em episódios entre estudantes: 23% dos professores dizem ser comum ver alunos sexualizando meninas por conta da roupa ou do comportamento; 42% relataram casos em que meninos tocaram ou acariciaram meninas de maneira desrespeitosa e/ou sem consentimento no último semestre letivo. Além disso, 81% dos docentes afirmaram ter presenciado agressões verbais contra alunos da comunidade LGBTQIA+.
O estudo também aponta comportamentos inadequados praticados por docentes: mais da metade dos professores presenciou colegas proferindo comentários machistas e constrangedores sobre o corpo de alunas, e 15% relataram conhecimento de situações de assédio sexual de docentes contra estudantes do sexo feminino no semestre avaliado. Quanto aos impactos, 86% dos professores acreditam que a VBG afeta negativamente a trajetória escolar das meninas e 71% já notaram esses efeitos na prática.
Apesar do reconhecimento da escola como espaço de prevenção — 99% dos professores afirmam que a escola deve atuar de alguma forma — há claro despreparo: apenas um terço relatou participação em palestras ou seminários sobre o tema no último ano letivo, e 77% gostariam de receber mais informações. A pesquisa identifica lacunas institucionais, falta de diretrizes claras e resistência para tratar assuntos considerados “sensíveis”.
Entre as propostas apontadas estão formação continuada para educadores, criação de espaços seguros e participativos e transformação do ambiente escolar para acolher e proteger meninas, jovens e estudantes LGBTQIA+. No evento, Luciana Temer ressaltou: “Aqueles que trabalham o tema da violência no ambiente escolar já tinham a percepção do cenário trazido pela pesquisa, mas a mera percepção não serve como argumento. O grande mérito desse trabalho foi trazer dados reais que podem embasar propostas a serem levadas aos gestores e tomadores de decisão capazes de implementar políticas públicas de combate e prevenção à VBG”. Para Mário Augusto, será possível avançar “quando houver espaço de fala e de escuta, isto é, quando meninas e adolescentes se sentirem seguras para falar sobre situações de violência e encontrarem na escola o acolhimento necessário”.
O estudo, realizado pela Serenas com apoio de parceiros e financiadores, traz subsídios essenciais para políticas públicas e práticas escolares voltadas à prevenção e ao cuidado. Texto produzido com base em dados da assessoria de imprensa.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



