Personalização: como objetos ganham valor e significado no século XXI
Do luxo à expectativa: por que consumidores exigem singularidade e como tecnologia e afeto remodelam o consumo
O:
A personalização redefine o valor dos objetos no século XXI
Por Camila Sallaberry, da AVA*
A era da produção em massa moldou um mundo de escolhas aparentemente infinitas, mas cada vez mais padronizadas. Em meio a essa homogeneidade, cresce uma força contrária: a busca pela personalização. O consumidor contemporâneo não se satisfaz apenas com o produto; deseja algo que traduza sua singularidade e reforce vínculos afetivos. A personalização, que já foi privilégio de poucos, tornou-se expectativa generalizada e redefiniu o que significa consumir no século XXI.
O fenômeno não se limita ao aspecto estético. Pesquisas de comportamento mostram que experiências personalizadas aumentam a satisfação em até 80% e elevam a fidelidade de clientes em diferentes segmentos, segundo levantamento da Deloitte. Já um relatório da McKinsey indica que 71% dos consumidores esperam interações personalizadas e 76% se frustram quando isso não ocorre. Ao receber algo feito sob medida, o indivíduo não percebe apenas a materialidade do presente, mas o gesto de atenção e pertencimento embutido no objeto. Presentes e produtos personalizados funcionam, assim, como narrativas materiais, transformando momentos em símbolos palpáveis de cuidado e memória.
O desafio do mercado atual está em equilibrar emoção e tecnologia. De um lado, há a urgência de preservar histórias pessoais de forma íntima; de outro, a necessidade de adotar ferramentas práticas que tornem essa personalização possível em escala. Esse cruzamento revela um movimento maior do que qualquer tendência passageira: em um cotidiano acelerado e uniforme, o que realmente se destaca é aquilo que carrega a marca única de quem viveu a experiência. A personalização amplia o ato de presentear, pois o processo de escolha e criação se torna parte essencial da celebração, prolongando a experiência para além da entrega final.
Críticos desse movimento podem argumentar que a personalização corre o risco de ser absorvida pelo mesmo sistema de consumo em massa que busca combater, transformando-se em um artifício de marketing sem profundidade. Contudo, a diferença está no impacto emocional gerado. A customização, quando genuína, não apenas agrega valor ao objeto, mas estabelece um elo afetivo que dificilmente seria criado por um produto padronizado. Nesse sentido, a personalização não é mero recurso mercadológico: é resposta a uma demanda humana por significado.
No cenário contemporâneo, a personalização deixou de ser detalhe opcional e assumiu o papel de linguagem central das relações de consumo. Mais do que produtos, consumidores buscam experiências capazes de preservar histórias e traduzir memórias em formas tangíveis. O futuro aponta para um mercado onde tecnologia e afeto caminham juntos, e onde o verdadeiro diferencial não estará na quantidade de opções, mas na profundidade das conexões que cada objeto pode carregar.
*Camila é chefe de comunicação da AVA, plataforma de produtos que eternizam memórias.
Por Camila Sallaberry
Chefe de comunicação da AVA
Artigo de opinião



