Quando a saudade se torna dor: entenda o transtorno do luto prolongado
Saiba identificar os sinais de que a perda precisa de acompanhamento profissional para preservar sua saúde mental
Com a chegada do Dia de Finados, é comum que a saudade de entes queridos que já partiram se intensifique. No entanto, para cerca de 10% das pessoas enlutadas, essa dor pode se transformar em um transtorno do luto prolongado, condição que compromete a saúde mental e física e exige atenção profissional.
Segundo a psicóloga e psicanalista Camila Grasseli, professora do Centro Universitário UniBH, o luto prolongado ocorre quando a pessoa “praticamente morre junto com quem morreu”. Nesse estado, o sofrimento se estende por meses ou até anos, causando isolamento, angústia e negligência com cuidados básicos, como higiene e alimentação. “A pessoa deixa de tomar banho, de se alimentar, perde o emprego, se trabalhava. É um sofrimento que merece muita atenção.”
Não existe um tempo ideal para o luto, pois ele varia conforme a relação e a importância do ente perdido. Perder um parente próximo, com quem havia dependência afetiva ou social, gera um impacto maior do que perdas menos centrais. “Às vezes você perdeu um pai, mas ele não era o arrimo da sua vida inteira. E isso faz toda diferença no tamanho desse luto”, explica a especialista.
Lutos complicados são mais comuns em casos de perdas intensas, como a morte de filhos ou situações traumáticas (acidentes, suicídio), em contraste com perdas esperadas, como de pessoas idosas ou doentes, para as quais geralmente há uma preparação emocional.
Para identificar quando a dor natural do luto se torna um problema, é importante observar sinais como perda acentuada de apetite, grande perda de peso e negligência da higiene pessoal. “Antes dirigida à vida externa, a energia vital do enlutado fica mais interna. É como se ele fechasse sua janela para o mundo e concentrasse suas lembranças na pessoa perdida, não vendo mais graça em nenhum outro aspecto da vida.”
Quando familiares e amigos percebem que a pessoa enlutada está “adoecendo” — não se levantando da cama, trocando de roupa ou tomando banho — é hora de buscar ajuda profissional. A psicóloga destaca que o apoio psicológico é fundamental para evitar riscos maiores, como depressão, isolamento e pensamentos suicidas.
“O que ajuda verdadeiramente é oferecer à pessoa espaço para falar da perda, das memórias, de quem era aquele ente querido, e principalmente do que aquele vínculo significava. Contrariamente ao que muitos acham (evitar falar para ‘não trazer tristeza’), é justamente o falar que permite a elaboração.”
Além da terapia, em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário para aliviar o sofrimento. A especialista alerta que o luto precisa ser expressado para evitar consequências físicas e doenças.
Por fim, a transformação da saudade em uma homenagem saudável depende da natureza da perda e do trabalho psíquico realizado para ressignificar a ausência, especialmente em casos de perdas violentas ou abruptas, que podem demandar anos de acompanhamento.
Este conteúdo foi elaborado com dados da assessoria de imprensa, reforçando a importância de cuidar da saúde mental em momentos delicados. Reconhecer os sinais do luto prolongado é fundamental para garantir que a dor da perda não se transforme em adoecimento.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



