Neuromodulação amplia esperança de recuperação após sequelas do AVC, revela especialista
Técnica inovadora estimula o cérebro e pode transformar a reabilitação pós-AVC, segundo neurocirurgião da Unicamp
No Dia Mundial do AVC, celebrado em 29 de outubro, a neuromodulação surge como uma promessa para ampliar as possibilidades de recuperação das sequelas deixadas pelo acidente vascular cerebral (AVC). Segundo o neurocirurgião Dr. Marcelo Valadares, referência em neurocirurgia funcional na Unicamp, essa técnica, embora ainda experimental, pode estimular o cérebro e potencializar a recuperação neurológica dos pacientes.
O AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma região do cérebro é interrompido, seja por obstrução arterial (AVC isquêmico) ou por sangramento decorrente da ruptura de um vaso (AVC hemorrágico). De acordo com o Ministério da Saúde, são registrados cerca de 400 mil casos anuais no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca o AVC entre as principais causas de óbitos e incapacidades no mundo.
As sequelas do AVC variam conforme a área cerebral afetada e o tempo até o atendimento médico, podendo incluir limitações físicas, cognitivas, visuais, motoras e psicológicas. O tratamento tradicional envolve fisioterapia motora, terapia ocupacional, fonoaudiologia e apoio psicológico, além do uso de medicamentos para controlar sintomas como dor e espasticidade.
A neuromodulação atua diretamente no sistema nervoso central por meio de impulsos elétricos que modulam regiões cerebrais responsáveis pelo movimento, fala e percepção sensorial. Esse estímulo favorece a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de criar novas conexões para compensar áreas lesionadas. “Enquanto a reabilitação tradicional treina o corpo, a neuromodulação pode ensinar novamente o cérebro a comandar o corpo. Muitos pacientes que estavam estagnados devem evoluir após o tratamento, o que muda completamente a perspectiva de futuro”, afirma o Dr. Valadares.
Existem duas abordagens principais em estudo: a invasiva, com o DBS (Deep Brain Stimulation), que implanta eletrodos no cérebro para emitir estímulos elétricos, indicada para casos mais graves; e a não invasiva, que utiliza dispositivos externos para aplicar correntes elétricas leves ou campos magnéticos, como a estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS) e a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS). Essas técnicas não invasivas têm se destacado pela segurança e aplicabilidade em diferentes fases da reabilitação.
Realizada em ambiente hospitalar ou ambulatorial, a neuromodulação integra um programa multidisciplinar e pode acelerar a recuperação funcional, especialmente após a fase aguda do AVC. “Embora ainda não seja uma terapia curativa, a neuromodulação ajuda a reativar circuitos neurais e a promover ganhos importantes para o dia a dia, como mobilidade, coordenação e autonomia”, explica o especialista.
No Brasil, a neuromodulação para reabilitação pós-AVC ainda é considerada experimental e restrita a estudos clínicos, mas há expectativa de que, com avanços científicos e redução de custos, essa técnica seja incorporada ao SUS. Nos próximos anos, a combinação da neuromodulação com inteligência artificial, robótica e realidade virtual promete personalizar ainda mais os tratamentos, ampliando as chances de recuperação mesmo em estágios mais avançados.
“Quando o paciente volta a realizar tarefas que antes pareciam impossíveis, como se comunicar e caminhar, não estamos apenas diante de um avanço médico, mas de uma transformação na sua qualidade de vida. A neuromodulação chega para trazer a chance de acreditar novamente na recuperação plena”, conclui o Dr. Marcelo Valadares.
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