Cirurgias conservadoras transformam tratamento do câncer de mama no SUS
Levantamento inédito revela avanço das técnicas que preservam a mama e melhoram a qualidade de vida das pacientes
Um levantamento inédito realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), com dados do DataSUS entre 2019 e 2024, revela uma importante transformação no tratamento cirúrgico do câncer de mama pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As técnicas conservadoras, como setorectomias e quadrantectomias, que preservam parte da glândula mamária e a aparência do seio, já representam 68% das cirurgias realizadas, totalizando mais de 119 mil procedimentos no período.
Esse avanço indica uma mudança significativa na abordagem cirúrgica, que antes priorizava a mastectomia — remoção completa da mama — e hoje valoriza procedimentos menos invasivos. Em 2024, houve um crescimento de 26% nas cirurgias conservadoras em comparação a 2019, enquanto as mastectomias simples e radicais diminuíram para cerca de 28% do total. Segundo o presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento Pinheiro, “esse predomínio pode significar avanços dos diagnósticos em estágios iniciais, modernização da abordagem cirúrgica no SUS e acesso a profissionais e tecnologias de ponta, que tem como objetivo oferecer qualidade de vida e preservação corporal dessas pacientes”.
O levantamento também mostra o impacto da pandemia da Covid-19, que causou queda de cerca de 30% nas cirurgias em 2020, devido ao cancelamento de procedimentos eletivos e priorização dos atendimentos de Covid. A partir de 2022, o SUS retomou o ritmo, com crescimento de 25% nos procedimentos e retomada das técnicas conservadoras, demonstrando a capacidade de adaptação do sistema.
Apesar do progresso, persistem desigualdades regionais. Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia concentram a maior parte das cirurgias, enquanto regiões como Norte e Nordeste enfrentam barreiras no acesso ao diagnóstico precoce e às cirurgias menos invasivas. “Essas desigualdades impactam diretamente o diagnóstico precoce e o prognóstico das pacientes”, alerta Rodrigo Pinheiro, que reforça a necessidade de fortalecer a rede de oncologia nessas regiões para garantir um cuidado equitativo.
Além disso, o Ministério da Saúde atualizou as diretrizes de rastreamento, ampliando a faixa etária para mulheres a partir dos 40 anos e instituindo o “rastreamento sob demanda”, que incentiva a decisão compartilhada entre paciente e profissional de saúde sobre a realização da mamografia. O objetivo é aumentar o número de diagnósticos precoces, quando as chances de cura ultrapassam 90%.
A SBCO destaca que a cirurgia oncológica depende diretamente do momento do diagnóstico. Quanto mais precoce, maior a possibilidade de optar por técnicas conservadoras com melhores resultados estéticos e funcionais. É fundamental que as mulheres fiquem atentas a sinais como alterações na textura da pele, retrações, descamações ou secreções nos mamilos, além de manter hábitos saudáveis para prevenção, como controle do peso, atividade física, alimentação equilibrada e evitar álcool e tabaco.
Este avanço nas cirurgias conservadoras representa um marco importante no tratamento do câncer de mama no SUS, promovendo não apenas a cura, mas também a qualidade de vida e o bem-estar das pacientes.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



