Avanços Tecnológicos na Detecção Precoce do Câncer de Mama
Como novas técnicas complementares à mamografia tradicional ampliam a precisão dos diagnósticos e salvam vidas
Detectar o câncer de mama nas fases iniciais pode salvar vidas, e a tecnologia tem sido uma grande aliada nessa missão. Novos exames de imagem, como a mamografia com contraste e a tomossíntese, prometem diagnósticos mais rápidos e precisos, sem substituir o exame tradicional.
Mesmo com avanços em exames de imagem, a mamografia continua sendo o padrão-ouro, indicada para a maioria das mulheres, devido à sua acessibilidade, custo relativamente baixo e eficácia comprovada na detecção de alterações iniciais. Apesar de ser o principal exame de rastreamento, a mamografia ainda enfrenta resistência, principalmente em função do desconforto gerado pela compressão. É importante reforçar que a compressão é indispensável para a qualidade da imagem, permitindo melhor visualização do tecido mamário e garantindo que o exame seja seguro e confiável.
Nos últimos anos, novas tecnologias vêm expandindo o arsenal de exames de imagem, oferecendo alternativas para situações específicas. Um exemplo é a mamografia com contraste, um método relativamente novo que pode ser especialmente útil para pacientes que não têm acesso à ressonância magnética.
Diferentemente da ressonância, que utiliza campos magnéticos e radiofrequência, a mamografia com contraste segue um princípio radiológico, mas aumenta a detecção de tumores graças à injeção de contraste intravenoso. O procedimento é realizado em duas etapas: primeiro, a paciente passa pela mamografia convencional, e em seguida é administrado o contraste.
Após a aplicação, são feitas novas imagens com compressão, e um software específico realiza a subtração das imagens, destacando áreas que absorveram o contraste. Isso permite identificar lesões que poderiam passar despercebidas na mamografia tradicional. O exame é contraindicado apenas para quem tem alergia ao contraste à base de iodo, como em pacientes com reação a frutos do mar. A boa notícia é que o exame usa o mesmo equipamento da mamografia tradicional, com apenas uma adaptação de software.
Outra inovação relevante é a tomossíntese, ou mamografia 3D, que permite visualizar a mama em cortes finos, como se fosse uma tomografia. Essa técnica oferece melhor avaliação de mamas densas e de achados suspeitos, fornecendo imagens detalhadas camada por camada. Apesar de não ser tão nova, seu uso ainda é limitado, principalmente por questões de cobertura pelos convênios e disponibilidade. A tomossíntese complementa a mamografia convencional, permitindo maior precisão diagnóstica, mas não substitui os exames tradicionais.
Também é importante reforçar que a mamografia não deve ser substituída por outros exames de imagem, como a ultrassonografia ou a ressonância magnética. Cada método tem sua indicação específica. A ultrassonografia é útil para a avaliação de cistos, e a ressonância é indicada em situações mais complexas ou específicas.
No entanto, apenas a mamografia é capaz de detectar microcalcificações, alterações que podem representar os primeiros sinais de um câncer de mama. Essas calcificações podem ser benignas ou malignas, e sua correta interpretação deve sempre ser feita por um médico especialista.
Tecnologias como mamografia com contraste e tomossíntese não substituem a mamografia convencional, mas ampliam as opções de detecção precoce, garantindo que mais mulheres tenham acesso a diagnósticos confiáveis, mesmo em locais com recursos limitados. Apesar da compressão envolvida, tanto na tomossíntese quanto na mamografia contrastada, é breve, e pode ser determinante para o diagnóstico precoce. Mesmo com as inovações, o passo mais importante continua sendo o mesmo: realizar o exame regularmente.
Por Evelyn Rosa de Oliveira
tecnóloga em Radiologia, mestre em Engenharia Biomédica, professora da Escola Superior de Saúde Única da Uninter
Artigo de opinião
 
        


