Alimentação infantil no Brasil: mais comida, mas qualidade em queda preocupa especialistas
Estudo revela avanço na segurança alimentar, mas alerta para o aumento do consumo de ultraprocessados e obesidade entre crianças e adolescentes
Um estudo recente realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), a pedido do Instituto Futuro é Infância Saudável (Infinis), trouxe importantes revelações sobre a alimentação de crianças e adolescentes no Brasil entre 2021 e 2025. Embora o país tenha avançado na quantidade de alimentos ofertados, a qualidade da dieta infantojuvenil apresenta sinais preocupantes, principalmente pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados.
De acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Sistema Único de Saúde (Sisvan/SUS), houve uma redução nos índices de magreza acentuada em todas as faixas etárias analisadas: na primeira infância (0 a 5 anos), o índice caiu de 3,05% para 2,08%; entre crianças de 5 a 10 anos, de 2,24% para 1,52%; e entre adolescentes, de 1,08% para 0,86%. Esses números indicam um avanço no combate à subnutrição e à insegurança alimentar, refletindo a saída do Brasil do mapa da fome da FAO.
Por outro lado, os índices de obesidade e sobrepeso aumentaram, especialmente entre adolescentes, onde a obesidade subiu de 2,87% para 3,12%, e o sobrepeso já atinge 19,37% dos jovens. Na primeira infância, 15,71% das crianças estão com sobrepeso, enquanto entre as crianças de 5 a 10 anos, o risco de sobrepeso cresceu de 17,52% para 19,17%, e o sobrepeso efetivo passou de 8,17% para 8,53%. Esses dados evidenciam um quadro preocupante de má qualidade alimentar.
O relatório “Fome, obesidade e os novos desafios da alimentação no Brasil” destaca que, apesar da melhora na segurança alimentar, o consumo elevado de ultraprocessados compromete a saúde das crianças e adolescentes. Na fase da introdução alimentar (6 meses a 2 anos), o consumo desses produtos aumentou de 30% para 35%, chegando a um pico de 44% em 2022. Entre os jovens de 2 a 19 anos, o consumo de ultraprocessados varia entre 77% e 89%, superando o consumo de verduras e legumes, que fica entre 64% e 73%.
Especialistas ressaltam a necessidade urgente de políticas públicas que ampliem o acesso a alimentos in natura e minimamente processados, além de desencorajar o consumo de ultraprocessados. Leis municipais que proíbem a venda desses alimentos em escolas, como as implementadas em Niterói e no Rio de Janeiro em 2023, são apontadas como medidas positivas.
Márcia Kalvon, diretora executiva do Infinis, enfatiza que “reverter o cenário da fome no Brasil só é possível quando unimos esforços entre diferentes setores e colocamos as pessoas no centro das políticas públicas”. Já Murilo Bomfim, pesquisador do Nupens, alerta para a “exposição preocupante da população brasileira aos alimentos ultraprocessados – o que é crítico especialmente na infância e na adolescência”.
O estudo reforça que o desafio atual não é apenas garantir a quantidade de alimentos, mas assegurar a qualidade da alimentação para promover a saúde e o desenvolvimento adequado das futuras gerações brasileiras.
Este conteúdo foi produzido com base em dados da assessoria de imprensa do Instituto Futuro é Infância Saudável (Infinis).
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



