⚡️ A Operação de 28 de Outubro: um marco em números
A ação mais letal da história do Rio expõe o dilema entre o combate ao crime organizado e a preservação dos direitos humanos nas favelas
Na terça-feira, 28 de outubro de 2025, o estado do Rio de Janeiro viveu a operação policial mais letal de sua história. Os números são impactantes.
Vítimas
Pelo menos 64 pessoas morreram, sendo 60 suspeitos e 4 policiais, de acordo com o governador Cláudio Castro e fontes do governo estadual. Outras contagens independentes falam em 60 mortos no total.
Escala
Cerca de 2.500 policiais fortemente armados participaram da ação, apoiados por blindados, helicópteros e drones.
Alvo e local
Batizada de Operação Contenção, a ofensiva mirou o Comando Vermelho (CV) — principal facção do tráfico no estado —, com foco nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital.
Resultados
Além das mortes, houve 81 prisões e apreensão de 42 fuzis e grande quantidade de drogas.
O governador classificou o episódio como um esforço para conter a expansão territorial do CV, chamando o desafio de “narcoterrorismo”. Segundo ele, criminosos usaram drones para lançar explosivos contra as forças de segurança.
️ O pano de fundo: a governança criminal no Brasil
Uma pesquisa da Universidade de Cambridge, citada pela Gazeta do Povo, estimou que entre 25 % e 30 % da população brasileira — o equivalente a 50 a 60 milhões de pessoas — vive em áreas sob domínio de facções criminosas.
Esse controle vai muito além do tráfico. Promotores relatam imposição de toques de recolher, cobrança de “taxas de segurança” e proibição de acionar a polícia, configurando um poder paralelo que regula o cotidiano de milhões de brasileiros.
Esses dados ajudam a dimensionar o porquê de operações policiais cada vez mais amplas — e o tamanho do desafio de retomada do território pelo Estado.
Eficácia vs. Direitos Humanos
A operação reacendeu o debate sobre eficácia da repressão e limites da força letal.
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A visão do governo: o Estado argumenta que a escalada de poder bélico das facções exige respostas proporcionais. O uso de drones e armamento pesado pelos criminosos foi apontado como uma nova tática de guerra.
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A visão dos críticos: parlamentares e entidades de direitos humanos denunciam o que chamam de “licença para matar” nas favelas.
O deputado Henrique Vieira afirmou que o Estado “trata a favela como território inimigo”.
A Comissão de Direitos Humanos da Alerj promete cobrar explicações sobre o número de mortes.
A expansão nacional do crime
Relatório da Global Initiative Against Transnational Organized Crime (GI-TOC) mostra que o PCC e o Comando Vermelho expandiram suas rotas para o Norte e Nordeste, abrindo novas frentes no garimpo ilegal, tráfico de armas e tráfico de animais silvestres.
Essa diversificação indica um crime cada vez mais corporativo, capaz de operar simultaneamente no Brasil e em países vizinhos.
️ Considerações finais
A operação do dia 28 é o retrato mais agudo de um dilema nacional:
como equilibrar a presença do Estado armado e a presença do Estado social?
Sem um plano de reocupação com educação, saúde e oportunidades, cada incursão corre o risco de ser paliativa — uma vitória tática em um campo de batalha estratégico.
“Recuperar esses territórios exige uma revolução na presença estatal”, afirmou uma promotora do MP-SP.
“É caro, complexo e se torna mais difícil a cada ano que passa.”



