Redescobrir a Criança Interior: Um Caminho de Maturidade e Autoconhecimento no Mês das Crianças

Outubro é o mês em que o olhar se volta para a infância e, mais do que brinquedos e celebrações, traz a oportunidade para que os adultos ressignifiquem essa data e se reconectem com sua criança interior.

O contato com a criança interior ajuda a ressignificar experiências passadas, promove equilíbrio emocional e fortalece vínculos afetivos.

Do ponto de vista psicanalítico, a “criança interior” representa a parte mais genuína do nosso ser, o núcleo do desejo, da criatividade e da capacidade de se encantar. Reencontrar essa criança é um gesto de escuta interna: é olhar para nossas faltas e feridas, mas também para nossos sonhos esquecidos. Esse processo permite ao adulto transformar sua história, compreendendo o que o marcou e abrindo-se a novas formas de existir.

Nesse encontro, podemos reconhecer as experiências que moldaram nossa forma de amar, de reagir e de nos vincular. A escuta permite ao adulto compreender suas repetições e seus medos e entrar em contato com suas dores mais antigas. Podemos dizer que marca uma reconciliação: acolher o que fomos para poder sustentar, com mais leveza, o que somos.

As experiências da infância deixam marcas profundas, já que, na psicanálise, o inconsciente guarda as primeiras vivências de amor, frustração e perda. É a partir delas que são construídos os modos de sentir e se relacionar das pessoas.

Essas marcas se atualizam na vida adulta, mas, quando o sujeito se permite elaborar e compreender essas experiências, ele deixa de estar preso ao passado. A infância não determina quem seremos, mas oferece as bases sobre as quais podemos construir novas possibilidades.

É importante destacar que o resgate da criança interior não significa uma infantilização dos adultos, e sim um ato de maturidade. Infantilizar-se é permanecer preso a uma posição de dependência ou idealização; já reencontrar a criança interior é reconhecer e integrar essa parte sensível e criativa da personalidade à vida adulta.

Ao propor esse olhar para dentro, cuidar da saúde emocional é também um gesto de amor e escuta — com o passado, com o presente e com as possibilidades de futuro que cada um pode construir.