Por que amamos filmes que nos assustam?
A ciência explica o prazer de sentir medo — desde o frio na barriga até o alívio final
Leia também: As impossibilidades fascinantes de Alien, o Oitavo Passageiro
De Psicose a Invocação do Mal, o cinema de terror continua atraindo multidões — mesmo quando a gente sabe que vai se assustar, tapar os olhos e dormir de luz acesa.
Mas afinal, por que gostamos tanto de sentir medo… quando sabemos que não estamos em perigo?
O cérebro adora um bom susto (desde que controlado)
Segundo pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, os filmes de terror ativam as mesmas áreas cerebrais ligadas ao medo real — como a amígdala e o córtex pré-frontal.
A diferença é que o cérebro sabe que está tudo sob controle. É o que psicólogos chamam de “moldura protetiva”: vivemos o medo como uma simulação segura, sem consequências físicas.
Esse contraste entre perigo e segurança gera um pico de adrenalina que pode ser prazeroso — uma espécie de montanha-russa emocional.
❤️ Medo compartilhado é laço social
Assistir a um filme de terror em grupo amplifica as emoções.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia mostraram que o susto coletivo aumenta empatia e conexão — é o famoso “rimos porque sobrevivemos juntos”.
É a mesma lógica que faz multidões amarem parques de terror ou casas assombradas: o medo vira experiência social.
O cérebro busca padrões — e adora resolvê-los
Parte do fascínio está em entender o monstro.
Nosso cérebro é programado para identificar ameaças, prever comportamentos e buscar explicações.
Em filmes de terror, isso vira um jogo mental: tentamos adivinhar quem vai morrer, o que é real e como tudo termina.
Cada vez que acertamos, o cérebro libera dopamina — o neurotransmissor da recompensa.
A descarga química do medo
O terror libera um coquetel químico poderoso: adrenalina, dopamina e endorfinas.
Essas substâncias elevam a frequência cardíaca, ampliam os sentidos e, no fim, trazem alívio.
É por isso que, depois do susto, vem o riso. O corpo entende: “sobrevivemos”, e a sensação é quase eufórica.
O medo como treino para a vida real
Estudos recentes indicam que pessoas que gostam de filmes de terror lidam melhor com situações estressantes.
Durante a pandemia, por exemplo, fãs do gênero relataram menos ansiedade e maior resiliência emocional.
É como se o terror fosse um ensaio psicológico para enfrentar o desconhecido.
O fascínio do medo seguro
No fim, o que amamos não é o susto — é o controle.
O prazer de desligar a TV e pensar: “ufa, era só um filme.”
Enquanto monstros, fantasmas e aliens continuarem existindo nas telas e não nas ruas, o terror seguirá sendo um dos gêneros mais irresistíveis do cinema.



