Inclusão de Pessoas com Autismo Através da Atividade Física: Um Caminho para a Transformação Social

Como a Educação Física planejada com sensibilidade promove socialização, autoestima e pertencimento para pessoas com Transtorno do Espectro Autista

Falar sobre autismo diz respeito a diversidade, desafios e, sobretudo, possibilidades. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) manifesta-se ainda nos primeiros anos de vida e está associado a dificuldades na comunicação, interação social e flexibilidade de comportamento. No entanto, essas características não definem o potencial de uma pessoa — e é justamente nesse ponto que a atividade física ganha um papel essencial.

De acordo com o último Censo Demográfico, cerca de 2,4 milhões de pessoas no Brasil foram diagnosticadas com TEA, representando 1,2% da população. Desses, 1,4 milhão são homens e 1 milhão são mulheres, o que mostra que o autismo é uma realidade presente em milhões de famílias brasileiras. Isso reforça a importância de se pensar em políticas públicas e práticas educativas que contemplem essa parcela significativa da população.

O ministro do Esporte, André Fufuca, lançou em Nova York, durante a 18ª Conferência dos Estados-Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Guia de Atividade Física para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Produzido pelo Ministério do Esporte, em parceria com a Secretaria Nacional de Paradesporto (SNPAR) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o material orienta profissionais de Educação Física a planejar e supervisionar programas de atividade física voltados a pessoas com TEA, com base em evidências científicas e práticas inclusivas.

A Educação Física, quando planejada com intencionalidade e sensibilidade, pode transformar vidas. A prática regular de atividades físicas não se limita apenas ao desenvolvimento motor, pois é um instrumento de socialização, autoestima e superação de barreiras. Para a criança autista, o movimento corporal é uma forma de expressão, comunicação e integração com o mundo. Em um ambiente seguro e acolhedor, a atividade física se torna um espaço de descoberta, de vínculo e de aprendizado mútuo.

O papel do professor de Educação Física é fundamental nesse processo. Ele não é apenas o mediador entre o aluno e o movimento, mas também entre o aluno e a sociedade. É o professor quem cria oportunidades de interação, propõe desafios adequados e respeita os limites individuais. Em vez de enxergar o aluno com autismo como alguém “diferente”, é preciso vê-lo como alguém com potencial, com habilidades que podem e devem ser estimuladas.

Nas aulas inclusivas, o foco deve estar nas possibilidades, e não nas limitações. O aluno com autismo precisa de atividades adaptadas que valorizem suas conquistas, estimulem sua coordenação, promovam a convivência e despertem o prazer pelo movimento. Isso não exige apenas técnica, mas empatia e criatividade por parte do educador. Quando a Educação Física abre espaço para a diferença, contribui para uma sociedade mais justa, solidária e consciente. Cada passo, cada brincadeira, cada conquista dentro da quadra pode representar um enorme avanço fora dela.

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Por Paloma Herginzer

formada em Licenciatura em Educação Física, Especialista em Educação Especial e Inclusiva e Formação Docente EAD; Professora Tutora dos Cursos da Área da Educação e Desportiva de Pós-Graduação do Centro Universitário Uninter

Artigo de opinião

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