Pesquisa com cannabis no Brasil enfrenta 481 obstáculos, aponta nota técnica da Embrapa

Grupo de trabalho reúne 31 instituições e destaca a urgência de regulamentação para avanços científicos e econômicos

Pesquisadores brasileiros enfrentam uma série de desafios para avançar nos estudos científicos com cannabis no país. Uma nota técnica elaborada pelo Grupo de Trabalho de Regulamentação Científica da Cannabis, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e formado por 31 instituições de ensino e pesquisa, identificou 481 obstáculos burocráticos e regulatórios que dificultam o desenvolvimento da área.

Entre os principais entraves estão a burocracia excessiva para obtenção de autorizações, com prazos indefinidos e falta de transparência, além da dificuldade de acesso a insumos padronizados. A importação de materiais, por exemplo, é cara e demorada, como relata o docente André Gonzaga dos Santos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp em Araraquara: “Pedi seis amostras de canabinoides, com um miligrama cada. Elas demoraram mais de um ano para chegar e custaram mais de R$ 20 mil”. Além disso, os insumos importados não garantem a padronização necessária para pesquisas consistentes, pois vêm de países com diferentes padrões de qualidade e genomas da planta.

Outro ponto destacado é a importância de estudar a cannabis cultivada no Brasil, já que o comportamento da planta varia conforme o solo e o clima locais. “Estudar produtos importados não vai contribuir em nada para desenvolver a cadeia produtiva nacional”, afirma o pesquisador.

O relatório da Embrapa agrupa os problemas em sete eixos: autorizações para pesquisa, acesso a insumos, restrições ao cultivo para fins científicos, fluxo de materiais entre instituições, uso de coprodutos e derivados, e falta de protocolos claros para pesquisas com animais de produção.

A nota técnica foi encaminhada ao Ministério da Saúde e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgãos responsáveis pela regulamentação da pesquisa e comércio de substâncias controladas. Segundo André Gonzaga, o documento expressa o interesse das instituições em avançar, mas também evidencia os entraves que impedem esses avanços.

O potencial econômico da cannabis no Brasil é grande. O Anuário da Cannabis Medicinal estima que o mercado farmacêutico nacional pode movimentar R$ 9,4 bilhões por ano. Além do setor farmacêutico, o cânhamo industrial, uma variedade de cannabis com baixo teor de THC, tem potencial para a indústria têxtil e produção de papel.

A regulamentação, defendida pelo grupo de trabalho, garantiria autonomia às universidades para realizar pesquisas, com controle e registro das atividades, tornando os processos mais ágeis e transparentes. Isso também reduziria custos e beneficiaria o consumidor final, já que medicamentos importados chegam a custar até R$ 2 mil, enquanto versões nacionais produzidas por associações chegam a apenas 40% desse valor.

Com dados da assessoria de imprensa, fica claro que a regulamentação é fundamental para destravar o potencial científico e econômico da cannabis no Brasil, promovendo inovação e desenvolvimento sustentável em setores estratégicos para o país.

EstagiárIA

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA

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