Por que lavar o frango cru pode ser fatal: a ciência por trás do risco

Entenda como um hábito comum na cozinha doméstica pode espalhar bactérias perigosas e causar intoxicação alimentar grave

Mais de 400 mil pessoas morrem todos os anos no mundo por intoxicação alimentar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um dos hábitos mais perigosos da cozinha doméstica é justamente aquele que muitos acreditam ser um cuidado: lavar o frango cru.

Lavar o frango antes de cozinhar é um gesto comum e, paradoxalmente, letal. Segundo a OMS, as doenças transmitidas por alimentos causam mais de 600 milhões de casos e 420 mil mortes por ano no mundo. Entre as principais fontes de contaminação está o manuseio incorreto de carnes cruas.

A especialista em segurança dos alimentos Paula Eloize alerta que, embora pareça um cuidado higiênico, o ato de lavar o frango cru espalha bactérias invisíveis por toda a cozinha. “A água não elimina as bactérias. Ao contrário: ela carrega micro-organismos do frango para pias, louças, utensílios, bancadas e até para as mãos e roupas do manipulador”, explica Paula.

Entre os patógenos mais perigosos associados ao frango estão a Salmonella e a Campylobacter, bactérias que podem causar infecções gastrointestinais graves, febre alta, diarreia intensa e, em casos mais severos, hospitalizações e óbitos. “Muitas pessoas acreditam que estão deixando o alimento mais limpo, mas estão transformando sua cozinha em um foco de contaminação cruzada”, reforça Paula.

O erro que custa caro: quando o cuidado se transforma em risco
Estudos internacionais mostram que as gotículas de água espalhadas durante a lavagem de carnes podem viajar até um metro de distância, contaminando superfícies, esponjas, panos e alimentos prontos para o consumo. E a verdade é simples: nenhuma lavagem é capaz de eliminar bactérias patogênicas.

A única forma segura é o cozimento. O frango precisa atingir pelo menos 74°C para que o calor destrua os microrganismos. “O calor é o único aliado da segurança. A água só espalha o problema”, resume a especialista.

Outros hábitos domésticos que colocam sua saúde em risco:
1. Deixar alimentos prontos fora da geladeira
As bactérias se multiplicam rapidamente entre 5°C e 60°C, a chamada “zona de perigo”. Leve os alimentos prontos à geladeira em até duas horas após o preparo.

2. Usar a mesma tábua para carnes e vegetais
O corte cruzado é um dos erros mais graves. Tenha tábuas exclusivas para carnes e para vegetais.

3. Não higienizar frutas e verduras corretamente
Lave bem em água corrente e deixe de molho em solução sanitizante própria para alimentos, respeitando o tempo indicado no rótulo.

4. Consumir ovos crus ou malcozidos
Ovos crus podem conter Salmonella. Prefira ovos pasteurizados e cozidos até a gema endurecer.

5. Usar leite e derivados não pasteurizados
O leite cru pode conter Listeria e E. coli — perigosas especialmente para gestantes, idosos e crianças.

6. Manipular alimentos sem lavar as mãos
A contaminação começa nas mãos. Lave-as sempre antes e depois de tocar em qualquer alimento cru.

Quando o corpo dá o alerta
Os sintomas de intoxicação alimentar surgem entre poucas horas e alguns dias após o consumo: náuseas, vômitos, febre, diarreia e dores abdominais. “Se houver sinais de desidratação ou sintomas persistentes, é essencial procurar atendimento médico”, orienta Paula Eloize.

A informação como ferramenta de prevenção
Mais do que uma questão de limpeza, a segurança dos alimentos é uma questão de saúde pública global. “O conhecimento salva vidas. Pequenas mudanças no preparo e na manipulação podem evitar doenças, internações e até mortes. Segurança dos alimentos não é luxo, é responsabilidade”, conclui Paula.

P

Por Paula Eloize

especialista em segurança dos alimentos

Artigo de opinião

👁️ 52 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar