A importância do posicionamento autêntico das marcas na era digital
Como marcas e líderes podem conquistar confiança e relevância ao comunicar valores e propósito de forma coerente
O silêncio corporativo tem custado caro. No ambiente digital, onde marcas competem não apenas por atenção, mas por relevância, a falta de posicionamento tornou-se um dos principais fatores de perda de credibilidade e engajamento.
Posicionar-se é hoje um imperativo de sobrevivência. Quando uma marca não se posiciona, o público cria a própria versão sobre ela. No digital, quem não fala perde espaço, e quem fala sem propósito perde confiança.
O comportamento do consumidor confirma essa mudança de paradigma. Segundo levantamento global da Deloitte (2024), 79% dos consumidores consideram o propósito da marca antes de efetuar uma compra, e 66% afirmam ter deixado de consumir produtos de empresas que não se alinham aos seus valores. Outro dado da PwC Global Consumer Insights Pulse Survey 2024 mostra que 43% dos consumidores valorizam empresas que comunicam claramente seus compromissos sociais e ambientais, enquanto 31% se dizem dispostos a pagar mais por produtos de marcas percebidas como responsáveis.
Esses números ilustram a transformação cultural no relacionamento entre marcas e público. Durante muito tempo, comunicar era apenas divulgar produtos. Hoje, é sobre construir percepção, criar confiança e gerar diálogo. O consumidor quer saber o que a marca representa e como ela se posiciona diante de temas que impactam a sociedade.
O posicionamento digital não se resume à presença nas redes sociais, mas à clareza da identidade da marca e à coerência entre mensagem e entrega. Toda marca comunica, mesmo quando não quer. Desde a linguagem visual até o atendimento, tudo é posicionamento. Se ela não define a própria narrativa, o público fará isso por ela.
O reflexo desse movimento pode ser visto também na atuação dos CEOs e fundadores, que assumem cada vez mais o papel de porta-vozes ativos e influenciadores de suas marcas. Segundo o Edelman Trust Barometer 2024, 82% das pessoas esperam que líderes empresariais usem suas plataformas para defender valores, causas e princípios corporativos. Essa tendência vem transformando a forma como empresas se comunicam. Os consumidores não querem ouvir apenas a marca institucional, querem ver quem está por trás dela. Quando o líder fala com autenticidade, humaniza o negócio e fortalece o vínculo com o público.
O fenômeno dos CEOs influenciadores ganhou força nos últimos dois anos. No Brasil e no exterior, executivos como Satya Nadella (Microsoft), Luiza Trajano (Magazine Luiza) e Guilherme Benchimol (XP Inc.) exemplificam a mudança na comunicação corporativa, substituindo o distanciamento institucional por uma presença mais pessoal e transparente nas redes sociais. O CEO é o novo canal de branding. Ele dá rosto e voz à cultura da empresa, e isso traz uma camada de confiança que nenhum anúncio consegue gerar.
O maior desafio das empresas está em equilibrar propósito e coerência. Muitas marcas investem em marketing digital, mas não evoluem porque carecem de identidade e clareza de mensagem. Ter presença online não significa ter posicionamento. O público percebe quando o discurso é genérico ou desalinhado com a prática.
Segundo levantamento da McKinsey & Company (2024), companhias com marcas fortes e comunicação consistente crescem até 20% acima da média de mercado, reflexo direto da confiança e dos vínculos duradouros que constroem com o consumidor. O posicionamento é o eixo central da reputação — e precisa traduzir valores, cultura e propósito de forma autêntica e contínua.
Não se trata de falar mais, mas de comunicar com verdade. A marca que entende o que representa e age de acordo com isso transforma reputação em resultado.
Por Jovana Menezes
Empresária, palestrante e escritora, especialista em marketing digital e inteligência artificial; fundadora da Joya Woman; líder da Joya Solutions; criadora do Método D.I.G.I.T.A.L.; formada em Marketing, pós-graduação em Mercado Financeiro, MBAs em Gestão de TI e Inteligência Artificial aplicada a Negócios; mentora e professora em programas de MBA
Artigo de opinião