O Ciclo das Flores: Como Estações e Datas Comemorativas Moldam o Comportamento do Consumidor
Entenda a influência do clima e do calendário afetivo na escolha e no consumo de flores ao longo do ano
Assim como as estações do ano transformam paisagens, também moldam o comportamento de quem compra flores. A cada mudança de temperatura, cores e perfumes ganham novos significados: da leveza primaveril às paletas aconchegantes do outono. Além disso, o calendário afetivo também guia o mercado, em datas como o Dia das Mães, Dias dos Namorados e o Natal, elas despertam o impulso de presentear e fazem dos arranjos florais um símbolo de carinho e celebração.
Entre variações de clima, oferta e emoção, o ciclo das flores reflete muito mais do que a natureza, revela o ritmo com que as pessoas expressam sentimentos ao longo do ano. E não é por acaso: a relação entre elas e o bem-estar é profunda. Um estudo conduzido pelas universidades Rutgers e La Salle, nos Estados Unidos, analisou o impacto emocional das flores em mulheres adultas e constatou que o simples gesto de receber um buquê provoca felicidade imediata, além de melhorar o humor de forma duradoura.
Cada estação do ano traz consigo um novo cenário de cores, texturas e preferências. Na primavera, as rosas, gérberas, margaridas e orquídeas dominam os pedidos, acompanhadas por arranjos amplos e leves, em tons pastel e formas românticas. O verão, por sua vez, exibe o vigor das cores vibrantes e das espécies tropicais, como girassóis, helicônias e lírios, que resistem bem às altas temperaturas e evocam energia e alegria. Quando o outono chega, o consumidor busca paletas mais quentes, como terracota e vinho, optando por tipos menores, como cravos e arranjos que traduzem aconchego e elegância. Já o inverno privilegia tons neutros e sofisticados, presentes no lisianthus e nas orquídeas, que compõem arranjos estruturados e refinados.
As mudanças de estação não afetam apenas o gosto, mas também o preço das flores. A sazonalidade é um dos principais fatores de variação no mercado florista. Quando a oferta local diminui, seja por clima adverso ou pelo ciclo natural das espécies, os custos de importação e transporte aumentam, impactando diretamente o valor final. Em contrapartida, períodos de alta produção e temperatura favorável reduzem os preços e ampliam as opções disponíveis, permitindo ao consumidor experimentar novas combinações.
Apesar da influência das estações, o comportamento de compra é guiado principalmente pelas datas comemorativas. O Dia das Mães, o Dia dos Namorados e o Natal estão entre os momentos de maior movimentação do setor, reforçando a relação das flores com o simbolismo e o afeto. Nessas ocasiões, o consumidor tende a priorizar o gesto sobre as condições climáticas. Mesmo em dias muito quentes ou chuvosos, o desejo de celebrar e demonstrar carinho fala mais alto. Ainda assim, a temperatura interfere de maneira indireta, afetando a durabilidade, a logística e a escolha de tipos mais resistentes para garantir que o presente chegue perfeito.
Há também um desafio silencioso, mas essencial, por trás de cada buquê entregue: a logística. O transporte exige cuidado redobrado, especialmente nas estações mais extremas. No frio, é preciso recorrer a veículos refrigerados e embalagens reforçadas para preservar a delicadeza das pétalas. Já no calor intenso, o foco é manter a temperatura estável e evitar a desidratação. Essa atenção aos detalhes garante que cada flor chegue ao destino com o frescor e a beleza que transformam simples gestos em experiências memoráveis, porque, em qualquer estação, as flores continuam sendo a linguagem universal de afeto.
Por Clóvis Souza
CEO da Giuliana Flores
Artigo de opinião



