Como Telas Digitais e Inteligência Artificial Transformam o Varejo de Bebidas no Brasil
A tecnologia no ponto de venda revoluciona a experiência do consumidor e impulsiona as vendas no setor de bebidas
O varejo de bebidas no Brasil navega de vento em popa – mantendo um ritmo consistente de crescimento, tanto para as bebidas alcoólicas, como para energéticos, refrigerantes, água, chás e sucos. O faturamento anual da categoria chegou a R$ 62,9 bilhões, resultado que representa crescimento de 12% em valor e aumento de 7,5% no volume de unidades vendidas, de acordo com o índice Meu Fornecedor, elaborado pela NielsenIQ + ABRAS. E, apesar dos bons números, o setor varejista tem buscado novas formas de conquistar o consumidor no PDV.
Mais do que nunca, a disputa pela atenção do cliente acontece diante das gôndolas: ao menos 73% dos consumidores decidem a compra de um produto específico já dentro da loja, segundo o relatório da NielsenIQ. Nesse contexto, tecnologias como telas digitais interativas e inteligência artificial estão ganhando força como aliadas estratégicas para influenciar a decisão de compra e impulsionar o ticket médio no varejo de bebidas.
Pesquisas recentes apontam que 73% das decisões de compra acontecem dentro da loja. Nesse cenário, as telas digitais ampliam a visibilidade de marcas e estimulam compras cruzadas, aumentando o ticket médio. Um estudo publicado no Journal of Retailing (2024), que analisou mais de 7 mil consumidores, mostrou que promoções exibidas em telas digitais aumentaram em até 30% os gastos com itens localizados em outros corredores, justamente porque o display funcionava como lembrete durante a jornada de compra.
No varejo de bebidas, isso abre espaço para iniciativas criativas: um painel na seção de carnes pode destacar cervejas em promoção, enquanto uma tela na padaria sugere vinhos para harmonizar com queijos. O dinamismo das imagens em movimento captura a atenção e conduz o consumidor até a categoria de bebidas, transformando conveniência em oportunidade de venda.
Sommelier digital: experiência personalizada
Muitas dessas telas inteligentes já vêm acopladas a sistemas de IA, levando a experiência a outro patamar. Um exemplo disso é o surgimento dos “sommeliers digitais” – assistentes virtuais que revolucionam a forma de recomendar produtos nas lojas.
Imagine um totem interativo na seção de vinhos: em vez de folhear um guia impresso ou depender da ajuda de um atendente, o próprio cliente toca na tela e informa suas preferências. Em segundos, a inteligência artificial analisa o catálogo da loja e indica o rótulo ideal para aquele perfil, muitas vezes sinalizando na própria gôndola onde a garrafa está.
Algumas soluções nem exigem toques: grandes redes supermercadistas lançaram sommeliers virtuais com reconhecimento de voz – o cliente simplesmente diz o que procura, e a assistente digital apresenta as opções recomendadas, cruzando dados do banco de dados e atualizando o inventário em tempo real.
Estudos apontam que 58% dos vinhos expostos numa loja nem chegam a receber atenção do comprador, e que não raramente clientes gastam até 8 minutos decidindo qual garrafa levar. A falta de informação e o excesso de opções geram insegurança a ponto de parte das pessoas desistir da compra ou optar sempre pelo rótulo já conhecido – ou pelo mais barato – apenas para não errar. É justamente aí que a assistência digital faz diferença: com uma recomendação objetiva na tela, o cliente ganha confiança para experimentar algo novo em vez de ficar paralisado pela indecisão.
Independentemente do formato do ponto de venda – seja um supermercado de bairro ou um centro de atacado – as telas trazem uma nova dimensão de visibilidade e engajamento que beneficia tanto o consumidor, com mais conveniência e informação, quanto o varejista, com incremento nas vendas.
Do lado do negócio, além do ganho imediato em vendas e no ticket médio, as telas abrem caminho para novas receitas: muitas redes já rentabilizam seus painéis digitais vendendo espaço publicitário para fornecedores e marcas parceiras. As telas digitais, com soluções de inteligência artificial, deixaram de ser apenas um diferencial futurístico e tornaram-se pilares de um varejo de bebidas mais atraente, eficiente e competitivo, agora e no futuro.
Por Paulo Moratore
head da unidade de Retail Experience, da Selbetti
Artigo de opinião



