Neuromodulação: Uma Nova Fronteira no Tratamento Emocional e Físico do Câncer
Como a estimulação cerebral não invasiva pode melhorar a qualidade de vida e os resultados terapêuticos em pacientes oncológicos
Durante o Outubro Rosa, o foco se volta à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama. Mas há um aspecto que muitas vezes passa despercebido: o impacto emocional e cognitivo que a doença provoca. Ansiedade, depressão, dores neuropáticas e fadiga intensa são alguns dos efeitos que acompanham o tratamento. E é justamente nesse ponto que a neuromodulação surge como uma aliada revolucionária — trazendo mais qualidade de vida e equilíbrio mental para quem enfrenta o câncer.
A neuropsicóloga Patricia Strebinger – especialista em Psico-oncologia e Terapia Cognitivo-Comportamental – explica que quando o corpo adoece, independente da região, o cérebro também sofre, atingido pelos impactos emocionais do diagnóstico, o que influencia nos avanços do tratamento. “As emoções têm um poder incrível em nosso organismo, tanto para enfraquecê-lo, quanto para fortalecê-lo, por isso, em qualquer diagnóstico e tratamento, é fundamental aliar cuidados com a saúde mental”.
Os avanços tecnológicos e científicos estão contribuindo para resultados mais efetivos no âmbito emocional, exemplo disso é a neuromodulação – uma técnica não invasiva que utiliza correntes elétricas de baixa intensidade aplicadas no couro cabeludo para regular a atividade cerebral. Essa estimulação suave favorece a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de se reorganizar — atuando diretamente sobre regiões envolvidas na dor, humor e controle emocional.
De acordo com a neuropsicóloga, a neuromodulação apresenta resultados expressivos na:
– Redução de dores crônicas e neuropáticas causadas pela quimioterapia;
– Diminuição da fadiga e melhora do sono;
– Regulação emocional e alívio da ansiedade;
– Prevenção e tratamento da depressão associada ao diagnóstico;
– Melhora da adesão e tolerância ao tratamento médico.
Pesquisas recentes mostram que o estresse crônico e o sofrimento emocional prolongado podem aumentar os níveis de cortisol, hormônio que, em excesso, prejudica o sistema imunológico. Ao reduzir o estresse e equilibrar os circuitos cerebrais, a neuromodulação ajuda o corpo a responder melhor ao tratamento oncológico, tornando o processo mais leve e eficaz. “Muitos pacientes relatam que, após algumas sessões, sentem a mente mais clara, menos dor e mais energia para continuar lutando. É como se voltassem a se reconhecer dentro do próprio corpo”, conta Patricia.
As campanhas como Outubro Rosa e Novembro Azul são extremamente importantes para explorarmos as possibilidades existentes e darmos ao paciente não apenas esclarecimento acerca da doença, mas principalmente estímulos e soluções para lidarem da melhor forma com o tratamento. Patricia reforça que saúde emocional é parte essencial da recuperação. “O câncer não é apenas uma doença do corpo. É uma experiência que desafia a identidade, a autoestima e a fé. A neuromodulação não substitui o tratamento médico, mas devolve força, presença e esperança. E isso muda tudo.”
Por Patricia Strebinger
psicóloga com pós-graduação em Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental, especialização em aplicação de neuromodulação, especialista em Psico-oncologia e Terapia Cognitivo-Comportamental
Artigo de opinião



