Juventude sob Pressão: Repensando a Saúde Mental na Era da Performance
Como transformar o cuidado emocional dos jovens em uma prática coletiva e revolucionária diante das pressões sociais e escolares
Vivemos um tempo em que crescer tornou-se uma experiência de pressão constante. A juventude carrega sobre os ombros o peso de expectativas familiares, sociais e escolares, e, ao mesmo tempo, precisa encontrar um propósito em meio à incerteza. O documentário Terceirão – Um ano, quatro vidas oferece um retrato sensível desse momento de passagem: o último ano do Ensino Médio, quando tudo parece definitivo, e cada escolha parece antecipar o futuro inteiro. Mas, para o Instituto Bem do Estar, essa história é mais do que um recorte cinematográfico – é um espelho da urgência de olhar para a saúde mental de uma geração que cresceu sob o olhar permanente das telas e sob a lógica do desempenho.
Desde a fundação, o Instituto Bem do Estar tem sustentado uma ideia simples e, ao mesmo tempo, transformadora: defender que falar sobre saúde mental é articular reflexões sobre educação, cidadania e pertencimento. O Bem do Estar atua para ampliar a consciência emocional de jovens e adultos, oferecendo experiências de escuta e de presença que ultrapassam o discurso e se tornam prática cotidiana. Em Jornada do Estar para Jovens, aplicamos metodologia proprietária que une arte, corpo e reflexão; propomos a construção de um ambiente em que o sentir é valorizado tanto quanto o pensar. A perspectiva que pontua esse pensar é que o jovem pode ser quem é, sem precisar performar aquilo que o mundo espera dele.
O documentário – disponível na Globoplay – mostra o lado visível das pressões: os vestibulares, as provas, os olhares de expectativa. No Bem do Estar, nos ocupamos do que está invisível. Nos nossos programas, o foco está na qualidade das relações, na capacidade de reconhecer emoções e de transformar o desconforto em aprendizado. A metodologia adotada aposta no poder da arte como caminho de autoconhecimento, na força da escuta como antídoto à solidão e na importância de criar espaços de pausa em um mundo que acelera o tempo da juventude. Quando um jovem encontra um lugar onde pode simplesmente existir, sem precisar provar, algo essencial começa a se reorganizar.
A obra audiovisual e o trabalho do Bem do Estar se cruzam em um mesmo território simbólico: o da busca por sentido. No entanto, enquanto o documentário nos convida à empatia e à observação, convidamos à ação; lançamos um chamamento a transformar a reflexão em prática e o “diagnóstico” em metodologia. O cuidado, para nós, deixa de ser um discurso sobre o outro e passa a ser um exercício compartilhado, uma construção coletiva de ambientes emocionais mais saudáveis. O que se aprende nos encontros do Bem do Estar – articulados dentro da lógica da Psicologia Positiva, aliando técnicas de respiração, relaxamento, meditação e imaginação – não é apenas sobre como lidar com crises, mas como sustentar a própria presença, mesmo em tempos de tanta instabilidade.
A questão que nos ocupamos não é apenas compreender o sofrimento da juventude, mas repensar o modo como a sociedade se relaciona com o tema. O que significa crescer em um tempo em que a performance é moeda de aceitação? Como criar políticas e práticas que não apenas tratem sintomas, mas previnam o adoecimento? O Bem do Estar se coloca nesse espaço entre o que já sabemos e o que ainda precisamos aprender: o espaço do cuidado como política, da escuta como tecnologia social, da presença como gesto revolucionário.
Assistir ao documentário pode ser um primeiro passo. O passo seguinte é o que o Bem do Estar oferece todos os dias – transformar o olhar em vínculo, o diagnóstico em caminho, o mal-estar em potência. Porque, no fim, falar sobre juventude, pressão e propósito é falar sobre todos nós: sobre o que esperamos do futuro e sobre como podemos aprender a habitá-lo com mais leveza, coragem e sentido.
Por Carol Rahal
Diretora Educacional do Instituto Bem do Estar; artista visual; educadora; formada em Comunicação das Artes do Corpo, Fotografia e Artes Cênicas; pós-graduada em Arte e Educação; realizou curso de extensão internacional em Dança, Cultura e Idioma tradicionais em Bali; idealizadora e realizadora de viagens pedagógicas-culturais; atua em projetos que unem arte, educação e desenvolvimento socioemocional
Artigo de opinião



