Ada Lovelace e o impulso feminino nas carreiras STEM

No dia 14 de outubro comemorou-se o Ada Lovelace Day. A data, criada em 2009 e celebrada na segunda terça-feira do mês, tem a finalidade de homenagear a primeira programadora da história e destacar a importância e as conquistas das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, as chamadas carreiras STEM. Desde a sua criação, a data tornou-se internacional, com eventos organizados por instituições que vão desde museus até universidades e entidades profissionais, oferecendo um espaço de discussão sobre como preconceitos e vieses inconscientes criam barreiras para a participação feminina nestas carreiras.

Ada Lovelace nasceu na Inglaterra em 1815. Sua mãe a incentivou, desde pequena, a se interessar por matemática e lógica. Na juventude, trabalhou com o matemático Charles Babbage, conhecendo a fundo seu trabalho sobre a Máquina Analítica – o primeiro projeto para um computador de uso geral. Ada escreveu um conjunto de ideias, que ela chamou de Anotações, contendo um algoritmo criado para ser processado por estas máquinas – o que muitos consideram o primeiro programa de computador da história. Sua obra antecipou conceitos que hoje são a base da programação e da inovação tecnológica, e representa a visão e coragem de mulheres em espaços historicamente dominados por homens.

A sub-representação feminina nas carreiras STEM ainda é um desafio global. Dados de organizações internacionais mostram que menos de um terço dos profissionais dessas áreas são mulheres, e a desigualdade se agrava em cargos de liderança e pesquisa. No Brasil, embora os cursos de ciências e tecnologia tenham recebido um número crescente de alunas nas últimas décadas, ainda enfrentamos barreiras estruturais e culturais que limitam o pleno desenvolvimento do talento feminino.

No ano passado, durante o II Seminário Nacional da Mulher Economista e Diversidade, em Belo Horizonte, pudemos discutir os desafios e oportunidades para mulheres nestas áreas. Os debates evidenciaram que políticas públicas, iniciativas educacionais e ações afirmativas são essenciais para garantir equidade de oportunidades e para estimular meninas e jovens mulheres a seguirem carreiras científicas, tecnológicas e econômicas. Reforçamos, também, a necessidade de ambientes inclusivos, que reconheçam e valorizem o talento feminino, fomentando redes de apoio, mentorias e projetos de destaque.

Embora as mulheres sejam maioria no ensino superior (59% do total de matriculados), há uma concentração muito grande em ciências humanas e saúde.

Na economia, segundo dados do grupo Brazilian Women in Economics (da Universidade de São Paulo), as mulheres eram 35,8% do total de concluintes do curso de Ciências Econômicas em 2020. No Sistema Cofecon/Corecons, nos últimos anos, as mulheres têm representado entre 26% e 28% do total de profissionais registrados. Na ciência econômica, assim como nas áreas STEM, a diversidade de perspectivas enriquece a análise, fortalece a governança e amplia a capacidade de desenvolver soluções inovadoras para problemas complexos. O Cofecon tem promovido o protagonismo feminino e incentivando uma cultura de equidade e valorização do conhecimento produzido pelas mulheres. A promoção da diversidade não é somente uma questão de justiça social; é também um impulso para a inovação, a competitividade e a sustentabilidade das carreiras e das instituições.

Ao celebrarmos Ada Lovelace, lembramos que a inclusão das mulheres nas carreiras STEM não é apenas uma homenagem histórica, mas uma estratégia para construir sociedades mais inovadoras e resilientes. Cada avanço conquistado representa a soma de talentos que, juntos, transformam o mundo e desafiam barreiras centenárias. O reconhecimento e a promoção dessas trajetórias são fundamentais para inspirar novas gerações a explorar, criar e liderar, sem limitações de gênero.