Adultização infantil: entenda os riscos para o desenvolvimento emocional das crianças
Psicóloga alerta para consequências emocionais, biológicas e sociais da exposição precoce ao mundo adulto
A adultização infantil, fenômeno que ocorre quando crianças e adolescentes são expostos precocemente a comportamentos e responsabilidades típicas do mundo adulto, tem despertado preocupação entre especialistas. Dados da assessoria de imprensa destacam que essa exposição precoce pode prejudicar o desenvolvimento emocional, social e biológico das crianças, com efeitos que muitas vezes só aparecem na adolescência ou vida adulta.
A psicóloga Camila Grasseli, professora do Centro Universitário UniBH, explica que a adultização vai além da sexualização precoce, envolvendo também o rompimento de etapas naturais da infância. “Muitas vezes, isso aparece nas roupas, calçados, no uso de maquiagem pelas meninas, mas também no abandono progressivo do brincar”, afirma.
Comportamentos aparentemente inofensivos, como deixar uma criança de 11 anos cuidar dos irmãos ou buscar sozinha encomendas na portaria, podem ser os primeiros sinais de uma inversão perigosa de papéis. “Os pais acham que estão promovendo autonomia, mas, quando colocam uma criança de oito anos para realizar tarefas sozinha ou deixam um pré-adolescente assumir cuidados que caberiam a um adulto, isso pode marcar o início da adultização”, alerta a especialista.
A infância é um período essencial para o desenvolvimento emocional, social e ético do indivíduo. “É na infância que a criança vive, de forma lúdica, aquilo que encontrará no mundo adulto. Ela precisa desse tempo e dessa fase para entender o que é certo, errado, ético e moral”, destaca Camila Grasseli.
Além dos impactos emocionais, a adultização precoce pode gerar consequências biológicas. O cérebro, que só completa sua maturação por volta dos 20 anos, não está preparado para lidar com experiências adultas antes do tempo. A sexualização precoce é o extremo mais grave, podendo levar a interpretações traumáticas dessas vivências. A especialista também observa a antecipação da menstruação em meninas, às vezes aos nove anos, como um reflexo dessas experiências adultizadas.
Outro fator que contribui para a adultização é o uso indiscriminado das redes sociais. “As crianças foram retiradas do convívio com colegas da mesma faixa etária e passaram a se relacionar com as imagens das redes. Esses conteúdos estão ligados ao consumo, muitas vezes ao consumo adulto”, explica Camila. A indústria acompanha esse movimento criando versões adultas de roupas, maquiagens e acessórios para o público infantil, deixando as crianças vulneráveis sem regulamentação e proteção adequadas.
Quando o sofrimento aparece, geralmente é um sinal de alerta. A psicóloga ressalta que o impacto emocional pode se manifestar por irritabilidade, agressividade, insônia ou depressão, e que muitas vezes é necessário acompanhamento psicológico ou médico. “A criança raramente vai dizer que está sofrendo. Ela gosta da sensação de parecer adulta, mas não está pronta para lidar com as responsabilidades ou consequências”, adverte.
Para reverter o quadro, é fundamental que os adultos assumam seu papel, oferecendo limites, acolhimento e suporte educacional. “Infância não é um ensaio para a vida adulta. É uma fase que precisa ser protegida e conduzida com presença, escuta e responsabilidade. Quando pulamos etapas do desenvolvimento, a criança pode até parecer madura, mas, por dentro, ela ainda não dispõe dos recursos emocionais necessários para sustentar esse papel. Isso gera sofrimento e impactos que muitas vezes só aparecem anos depois”, conclui a psicóloga.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



