Planos de saúde gastam R$ 90 bilhões em medicamentos desde 2019: entenda o impacto
Aumento expressivo nos custos com medicamentos impulsiona debate sobre regulação e sustentabilidade na saúde suplementar
Dados recentes divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam que os planos de saúde brasileiros gastaram R$ 90,6 bilhões com medicamentos desde 2019. No último ano, esse valor chegou a R$ 22,6 bilhões, representando 10,2% das despesas assistenciais da saúde suplementar, um aumento significativo em relação aos 7,3% registrados em 2019. Essa é a primeira vez que a ANS calcula o peso dos medicamentos nas despesas do setor, evidenciando uma tendência de crescimento constante.
Desde 2021, os gastos com medicamentos cresceram 61%, e mesmo descontada a inflação, a alta real foi de 39,8%. Esse aumento foi impulsionado por mudanças regulatórias, especialmente a aprovação da Lei 14.307, de 2022, que acelerou a incorporação de novas tecnologias ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS. Entre 2022 e 2024, 81% das inovações incorporadas às coberturas obrigatórias dos planos foram medicamentos.
Bruno Sobral, Diretor-Executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), destaca que “medicamentos inovadores que tragam benefícios aos pacientes são sempre bem-vindos”. Contudo, ele alerta para os valores exorbitantes cobrados por medicamentos que apresentam pouca ou nenhuma evidência de ganhos reais para os pacientes. Segundo Sobral, isso reforça a necessidade de “transparência, previsibilidade e rigor técnico na avaliação de novas tecnologias, garantindo o equilíbrio entre acesso, inovação e sustentabilidade”.
Um dos pontos críticos apontados é o fluxo regulatório fragmentado para precificação e avaliação dos medicamentos. Atualmente, a Anvisa realiza o registro sanitário, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) define os preços, e a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) avalia a adoção pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto a ANS decide sobre os planos de saúde. Sobral defende que “é preciso sincronizar essas etapas”, pois “não faz sentido termos registro para produtos que não possam ser incorporados aos sistemas de saúde públicos ou privado”.
Além disso, Sobral sugere a implementação do compartilhamento de risco entre o sistema de saúde e a indústria farmacêutica para medicamentos inovadores de alto custo, prática comum em países com sistemas de saúde mais avançados. Atualmente, esses tratamentos, ainda em fases intermediárias de desenvolvimento, são custeados exclusivamente pelo orçamento público no SUS ou pelas mensalidades dos usuários na saúde suplementar.
Os dados sobre os custos com medicamentos fazem parte do Mapa Assistencial 2024 da ANS, que também revelou que os planos de saúde viabilizaram 1,94 bilhão de procedimentos e eventos de saúde em 2024, um aumento de 0,3% em relação a 2023. Entre esses procedimentos, os exames continuam liderando, representando 61% do total.
Essas informações, fornecidas pela assessoria de imprensa da FenaSaúde, trazem à tona a importância de um debate equilibrado sobre inovação, custos e sustentabilidade na saúde suplementar, temas que impactam diretamente a qualidade de vida e o acesso das mulheres e de toda a população aos tratamentos de saúde.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA