Como lidar com a culpa materna e aliviar a sobrecarga emocional

Entenda as origens históricas da culpa materna e descubra estratégias para construir uma maternidade mais leve e saudável

A chamada “culpa materna” não é natural da mulher, mas resultado de séculos de imposições sociais que associaram a figura feminina à responsabilidade exclusiva pelo cuidado dos filhos. A avaliação é da psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, que alerta que essa cobrança aumenta o risco de ansiedade, depressão e burnout entre as mães.

De acordo com a especialista, o modelo atual tem raízes históricas. “Até o século XVII, as mulheres não tinham responsabilidade exclusiva pelos filhos. Foi nesse período que começou a ser imposta a maternidade compulsória, com punições severas para quem não assumisse o cuidado. Depois, com a figura da Sagrada Família, a Igreja consolidou a ideia de que ser mãe era um destino obrigatório, inspirado em Maria”, explica.

Essa construção, segundo Rafaela, originou o mito da mãe perfeita. “Criou-se a crença de que toda mulher se realiza na maternidade e que, se não corresponder a esse padrão, deve se sentir culpada. Essa culpa não nasce com a mulher, ela é aprendida socialmente”, completa.

Os efeitos aparecem na saúde mental. Estimativas citadas pelo Instituto MaterOnline indicam que mais da metade das mães relatam problemas emocionais relacionados à pressão social, incluindo depressão pós-parto, estresse pós-traumático e esgotamento parental. “É uma sobrecarga que leva à frustração e ao adoecimento, porque essa mulher não consegue atender a padrões inalcançáveis”, diz a psicóloga.

Como lidar com a culpa materna
Rafaela Schiavo indica formas individuais e coletivas para reduzir a sobrecarga:

1) Questionar crenças internalizadas
Identificar se as cobranças vêm de desejos pessoais ou de expectativas impostas pela sociedade.

2) Procurar apoio psicológico
A psicoterapia ajuda a desconstruir padrões e a fortalecer a autoestima materna. Um psicólogo perinatal é o profissional qualificado para abordar questões da maternidade e da parentalidade.

3) Valorizar pequenas conquistas
Reconhecer o que está conseguindo realizar em vez de focar apenas no que falta.

4) Dividir responsabilidades
A paternidade não deve ser vista como “ajuda”, mas como corresponsabilidade.

5) Apoiar mudanças estruturais
Igualdade nas licenças parentais e incentivo a meninos em papéis de cuidado ajudam a alterar a lógica social.

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Por Tais Gomes

Artigo de opinião

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