Impacto social e econômico das mortes prematuras por câncer: estudo global com participação do INCA
Pesquisa internacional revela perdas bilionárias em produtividade e destaca a importância da prevenção e equidade de gênero
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) participou de um estudo global conduzido pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) que avaliou as perdas sociais e econômicas causadas pelas mortes prematuras por câncer. Publicada em 25 de setembro no Journal of the National Cancer Institute, a pesquisa intitulada “Perdas globais de produtividade remunerada e não remunerada devido à mortalidade relacionada ao câncer” analisou dados de 185 países e 36 tipos de câncer, considerando tanto atividades remuneradas quanto não remuneradas desde 2022.
A pesquisa destaca a forte conexão entre saúde, economia e equidade de gênero, reforçando a necessidade urgente de investimentos em prevenção, rastreamento e tratamento oncológico. Segundo a pesquisadora Marianna de Camargo Cancela, do INCA, a participação da instituição se deve à sua atuação contínua em estudos da IARC e sua contribuição em conselhos científicos. Ela explica que o objetivo é identificar políticas públicas e ações governamentais que possam avançar no controle global do câncer.
Um diferencial do estudo é a inclusão do trabalho não remunerado, que é majoritariamente realizado por mulheres e frequentemente subvalorizado. “A inclusão de ambos os tipos de atividade fornece uma estimativa mais precisa das perdas sociais associadas às mortes prematuras por câncer, além de abordar questões de equidade de gênero na participação no trabalho remunerado e não remunerado”, destaca Marianna.
Os dados revelam que, em 2022, cerca de 3,6 milhões de pessoas em idade produtiva (15 a 64 anos) morreram precocemente por câncer, resultando em uma perda de aproximadamente 41,4 milhões de anos potenciais de vida produtiva. O impacto econômico global foi estimado em US$ 584 bilhões, equivalente a 0,6% do PIB mundial. Deste valor, 53,8% correspondem a perdas no trabalho remunerado e 46,2% ao trabalho não remunerado.
Os tipos de câncer que mais contribuíram para essas perdas foram pulmão (US$ 91 bilhões), mama (US$ 57 bilhões), fígado (US$ 51 bilhões) e colorretal (US$ 51 bilhões). Entre os homens, os maiores impactos vieram dos cânceres de pulmão, fígado e colorretal; entre as mulheres, os cânceres de mama, pulmão e colo do útero foram os mais significativos.
Na América do Sul, o custo médio da perda de produtividade foi estimado em US$ 91,6 mil para homens e US$ 100,9 mil para mulheres, com destaque para cânceres de mama e colo do útero entre as mulheres, refletindo vulnerabilidades específicas na região. No Brasil, foram registrados 107.663 óbitos por câncer em pessoas de 15 a 64 anos, com perda total estimada em US$ 7,4 bilhões. Os cânceres de pulmão, colorretal e estômago foram os principais responsáveis pelas perdas entre os homens; já entre as mulheres, mama, colo do útero e pulmão lideraram.
A Dra. Isabelle Soerjomataram, chefe adjunta da Divisão de Vigilância do Câncer do IARC, ressalta que “quando um indivíduo morre mais cedo do que o esperado, perdemos suas contribuições para suas famílias, comunidades e sociedade”. Ela enfatiza a importância de incluir o trabalho não remunerado para revelar o verdadeiro impacto do câncer, especialmente considerando que as mulheres realizam uma parcela desproporcional dessas atividades.
Este estudo reforça a importância de políticas públicas que promovam a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado do câncer, não apenas para salvar vidas, mas também para preservar o desenvolvimento social e econômico das comunidades.
Conteúdo produzido com dados da assessoria de imprensa do INCA.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA