Estratégias Tributárias Essenciais para Empresários e Contadores na Crise Brasil-EUA

Como o planejamento fiscal e a governança podem transformar desafios comerciais em oportunidades de competitividade

A recente tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, marcada pela adoção de tarifas adicionais e ameaças de retaliações no comércio bilateral, trouxe alerta para empresários e gestores brasileiros. Dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões para os EUA em 2024, consolidando o país como o segundo principal destino dos produtos nacionais.

Para Jhonny Martins, contador, advogado e vice-presidente do SERAC, hub de soluções corporativas com atuação nacional, o momento exige não apenas leitura geopolítica, mas principalmente revisão de estratégias tributárias e de compliance. “Quem depende de exportações precisa estruturar cenários de planejamento que considerem tanto perdas quanto novas oportunidades. O compliance fiscal não é só defesa contra riscos, mas também ferramenta de competitividade”.

Outro dado relevante aponta para a complexidade do ambiente regulatório interno. Segundo o relatório Doing Business Subnacional Brasil 2021, empresas brasileiras gastam em média 1.501 horas por ano para cumprir obrigações fiscais, uma das cargas mais elevadas do mundo. Nesse cenário, falhas de atualização em meio a disputas internacionais podem gerar não apenas multas, mas também perda de espaço no mercado.

“O grande risco está em empresas que reagem de forma improvisada. Aquelas que mantêm auditorias internas, controlam créditos e revisam o regime tributário estão mais preparadas para suportar choques externos”, complementa Martins.

O especialista avalia que as tensões entre Brasil e EUA tendem a oscilar ao longo dos próximos meses, exigindo atenção redobrada de exportadores e importadores. “Não se trata apenas de reduzir danos, mas de planejar crescimento com consistência. Empresas que investirem em governança e automação terão mais chances de sair fortalecidas de crises externas”.

Recomendações práticas para empresários e contadores, segundo Jhonny Martins:

– Auditorias internas periódicas: revisar obrigações fiscais e identificar inconsistências antes de autuações.
– Gestão de créditos tributários: mapear incentivos e compensações previstos em lei para reduzir a carga fiscal.
– Automação fiscal: adotar softwares que minimizem erros de apuração e agilizem o cumprimento de prazos.
– Planejamento de cenários: simular impactos de tarifas e retaliações para antecipar ajustes no fluxo de caixa.
– Capacitação contínua: manter equipes atualizadas sobre mudanças regulatórias e acordos internacionais.
– Governança tributária: implementar códigos internos e processos padronizados para garantir conformidade e transparência.

Para Martins, a principal lição da atual crise é agir antes que os efeitos se tornem irreversíveis. “Quem espera a retaliação já perdeu tempo e dinheiro. O planejamento tributário deve ser visto como investimento de sobrevivência e de crescimento. Em um ambiente incerto, quem se antecipa sai na frente”.

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Por Jhonny Martins

Contador e advogado pela PUC-SP, especialização em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus, MBA em Gestão Empresarial pela FGV-SP, MBA em Gestão Tributária pela USP, vice-presidente do SERAC

Artigo de opinião

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