Envelhecimento e Leitura: Reflexões e Reinvenções na Terceira Idade
Como a leitura pode transformar o envelhecimento, estimulando a mente, o bem-estar e a reinvenção pessoal
Você já leu algum livro que fez você refletir sobre a passagem do tempo? Há leituras que nos remetem ao tema, além, é claro, de trazer muitos benefícios na terceira idade, ou idade madura, como muitos preferem chamar. Cito abaixo alguns:
1 – Saúde cognitiva: ler mantém o cérebro ativo, estimula a memória e a concentração. É um exercício preventivo contra doenças degenerativas. Pessoas com o intelecto mais desenvolvido têm menos chance de desenvolver Alzheimer.
2 – Bem-estar: a válvula de escape para o estresse, monotonia e solidão. Eleva muito a autoestima.
3 – Ampliação do mundo: enriquece o vocabulário, pensamento crítico e empatia.
Abordar o envelhecimento se faz necessário em um mundo onde cada vez mais velhos são quase a maioria da população. Velhos? Ah! Achou que estou ofendendo? Não! É importante usar a palavra, sem preconceito. Jovem é jovem e velho é velho. Dias desses, minha neta me falou: “Vó, você é velha!”. À princípio, me chocou, mas ela, com 10 anos, fez uma afirmação honesta, sem querer ofender, apenas uma constatação. Isso me fez refletir e escrever esse texto. Depois dos 60, somos velhos, podemos ter nos reinventado, sermos produtivos, mas nada disso nos faz jovens. Quero fazer muito ainda, ter o privilégio de estar velha, mas contribuindo, porém a palavra velha ainda cabe nos meus 68 anos.
Trago aqui alguns livros que abordam o tema e nos levam a refletir no sentido de nos transformarmos e nos reinventarmos. Estar velho é um privilégio que nem todos tiveram, então, bora pensar e recomeçar, se é isso que você pensou agora.
– O clube das quintas-feiras (Richard Osman) – um grupo de “velhos” que vivem numa comunidade de aposentados usa sua experiência para desvendar crimes que não foram solucionados pela polícia, até que assassinatos começam a acontecer perto deles e animam os amigos. De forma humorada e leve, o autor aborda velhice, morte, perdas, doenças e reinvenção, além de uma boa história investigativa. Recentemente o livro ganhou adaptação para as telas na Netflix.
– Quando eu era velha (Fernanda Pompeu) – lançado neste mês, o livro de título curioso traz o tema do envelhecimento, onde uma escritora, numa pesquisa para escrever sobre essa abordagem, descobre velhos esperando o fim e outros se transformando.
– A máquina de fazer espanhóis (Valter Hugo Mãe) – um homem viúvo é levado para um lar de idosos. Aborda memória, solidão na velhice, busca por um novo sentido depois de perdas, ressaltando a dignidade da pessoa idosa.
– Muito além do inverno (Isabel Allende) – personagens velhos em Nova York, um chileno, um americano e um guatemalteca, trazem a reflexão sobre paixão e sabedoria na terceira idade, mostrando que é possível descobrir o amor nessa fase.
– Para sempre Alice (Lisa Genove) – livro e filme. Alice é professora de Harvard e é diagnosticada precocemente com Alzheimer. Aborda a perda de autonomia, identidade, dignidade e abandono da família, que não acolhe.
– E seu morrer amanhã? (Filipa Fonseca) – livro muito divertido, que traz uma mulher perto dos 70, que descobre o sexo e tem uma vida muito animada que os filhos vão perceber de uma forma bem surpreendente.
Que outro livro referente ao tema você lembrou? Eu poderia ficar aqui indicando outros, mas começar essa listinha já é um bom começo!
Por Daisy Gouveia
Apresentadora, escritora, influenciadora digital, criadora do Clube de Leitura da Daisy, 35 anos de experiência na área da moda, autora do livro 'Costurando Minha História'
Artigo de opinião