Fatores silenciosos que aumentam o risco de câncer de mama e como preveni-los
Entenda por que o histórico familiar não é uma sentença e descubra hábitos essenciais para reduzir a incidência da doença
Durante o mês de outubro, campanhas de conscientização sobre o câncer de mama ganham força em todo o Brasil. Segundo o estudo “Controle do câncer de mama no Brasil: dados e números 2025”, divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 73 mil novos casos da doença neste ano.
O Outubro Rosa, movimento internacional criado na década de 1990, reforça a importância da detecção precoce e especialistas alertam que a prevenção vai além do autoexame e da mamografia. Fatores como obesidade, sedentarismo e consumo de álcool têm contribuído silenciosamente para o aumento dos diagnósticos.
“Precisamos derrubar o mito de que o câncer de mama está ligado apenas ao histórico familiar. A maioria dos casos ocorre em mulheres sem qualquer antecedente genético. Por isso, o foco deve estar também na prevenção ativa, com mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico regular”, afirma Dra. Ana Maria Passos, especialista em saúde da mulher 40+.
Especialista Dra. Ana Maria Passos, responsável pelo canal no Instagram Partiu dos 40, elencou os principais pilares da prevenção:
1. Alimentação e peso corporal
Manter uma dieta anti-inflamatória, rica em frutas, legumes, verduras e grãos integrais, é essencial. O excesso de gordura corporal está diretamente associado ao aumento do risco de câncer de mama. Evitar alimentos ultraprocessados, açúcar e farináceos contribuem para uma composição corporal mais saudável.
2. Atividade física regular
A prática de exercícios físicos ajuda a equilibrar os níveis hormonais e a reduzir a inflamação sistêmica. A recomendação é de pelo menos 150 minutos semanais de atividade moderada, como caminhadas, natação ou dança.
3. Moderação no álcool e abandono do tabagismo
O consumo frequente de bebidas alcoólicas e o tabagismo são fatores de risco comprovados. “Muitas mulheres recorrem ao álcool para lidar com a ansiedade da perimenopausa, sem perceber o impacto que isso pode ter na saúde mamária”, alerta a médica.
4. Exames de imagem e autoconhecimento
A mamografia deve ser realizada a partir dos 40 anos. De acordo com as diretrizes oficiais, a recomendação é fazer o exame a cada dois anos entre os 40 e 50 anos, e anualmente após os 50. No entanto, na prática clínica, a especialista recomenda a mamografia anual já a partir dos 40, devido ao aumento de casos de câncer de mama em mulheres mais jovens. “Temos observado cada vez mais diagnósticos precoces em pacientes abaixo dos 50, por isso considero essencial manter esse acompanhamento anual”, afirma.
Mulheres mais jovens, especialmente aquelas com mamas densas, podem se beneficiar da ultrassonografia mamária, que complementa a mamografia e melhora a acurácia dos exames. Já o autoexame, embora não substitua os exames clínicos, é uma ferramenta importante para que a mulher conheça seu corpo e identifique alterações precocemente. A constância na prática do autoexame ajuda a desenvolver o autoconhecimento corporal, essencial para a detecção de sinais suspeitos.
5. Reposição hormonal sem medo
A reposição hormonal com hormônios isomoleculares, também conhecidos como bioidênticos, quando bem indicada e acompanhada, não aumenta o risco de câncer de mama, mesmo em mulheres com histórico familiar. Além disso, a reposição feita com hormônios isomoleculares, como o estradiol, a progesterona e a testosterona, também não eleva esse risco. “Esse é um medo infundado que impede muitas mulheres de se beneficiarem de um tratamento que melhora a qualidade de vida e ajuda a manter a saúde metabólica”, explica Dra. Ana.
A prevenção do câncer de mama deve ser encarada como um conjunto de ações que envolvem mudanças no estilo de vida, exames regulares e acompanhamento médico especializado. Derrubar mitos e investir em hábitos saudáveis são passos fundamentais para reduzir a incidência da doença e garantir uma melhor qualidade de vida para as mulheres.
Por Ana Maria Passos
Ginecologista e obstetra com mais de 19 anos de experiência, especialista em saúde da mulher 40+, perimenopausa, menopausa, endometriose, síndrome dos ovários policísticos e gestação, atua na AME Clínica em Porto Alegre (RS)
Artigo de opinião