Dia Nacional da Saúde Mental: Tieko Irii lança livro sobre identidade e racismo entre dois mundos
“As ruas sem nome” traz uma narrativa autobiográfica que confronta silenciamentos, racismo e busca por pertencimento
No Dia Nacional da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, a escritora e artista visual nipo-brasileira Tieko Irii lança seu livro autobiográfico “As ruas sem nome” (Editora Patuá, 2025), uma obra que revisita silêncios familiares e confronta temas como racismo, gênero e diáspora. Com base em informações da assessoria de imprensa, o livro é um mergulho profundo na trajetória pessoal da autora, atravessando três gerações de imigrantes japoneses no Brasil e refletindo sobre a complexidade de ser um corpo amarelo entre dois mundos.
A narrativa começa a partir da descoberta da autobiografia secreta do pai de Tieko, Hisashi Irii, que fugiu do Japão pós-guerra e emigrou para o Brasil. “Quando meu pai finalmente contou sua história, entendi por que ele a manteve em segredo: era uma narrativa de tragédias, de transgressões e de coragem”, relembra Tieko. A partir daí, a autora investiga suas raízes e os silenciamentos familiares que marcaram sua infância e adolescência nos anos 1980 e 1990, período em que enfrentou bullying e invisibilidade por ser descendente de japoneses.
O livro vai além da saga familiar, ao discutir o racismo estrutural presente no Brasil e o mito da democracia racial, além do projeto de branqueamento e a construção social da “minoria modelo” asiática. Tieko analisa como esses fatores moldaram sua vivência e a colocaram em um lugar paradoxal: “nem totalmente aceitos, nem totalmente estrangeiros”. Ela também aborda a exotificação dos corpos amarelos e a solidão de crescer em um país que pouco reconhecia a diversidade asiática.
Para a autora, escrever “As ruas sem nome” foi um processo de confronto, não de cura. “Precisei revisitar memórias que eu queria esquecer, como o racismo velado, a vergonha, as transgressões, a culpa e a sensação de não pertencer”, confessa. A obra é estruturada em quatro partes, alternando trechos da autobiografia do pai com relatos pessoais, desde a infância em São Paulo até a temporada no Japão entre 1989 e 1991, quando buscou um senso de pertencimento sem sucesso.
Além da escrita, Tieko desenvolveu um trabalho de colagem com arquivos familiares, unindo imagem e texto para reconstruir memórias apagadas. “Essa foi minha maneira de costurar afetos e ausências, e uma outra forma de tocar a experiência de ser nipo-brasileira”, explica. Publicar o livro é também um ato político para a autora, que percebeu o quanto o patriarcado, o machismo e o racismo estrutural silenciaram vozes como a dela. “Compreendi que podemos contar a nossa história, a importância de passar isso adiante e o quanto isso é transformador. Muda a nossa vida.”
“As ruas sem nome” chega em um momento importante de discussão sobre representatividade asiática no Brasil, impulsionada por coletivos antiracistas e pesquisadores. A obra de Tieko Irii é um convite à reflexão sobre identidade, pertencimento e resistência, temas essenciais para a saúde mental e o empoderamento feminino em contextos multiculturais.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA