Feedback Consistente: O Motor do Crescimento e do Engajamento nas Empresas
Como a prática estruturada do feedback transforma lideranças, fortalece equipes e impulsiona resultados organizacionais
Apesar de sua relevância, ainda é comum encontrar empresas em que líderes evitam dar feedbacks claros a seus times, seja por receio de conflitos, seja por falta de preparo para conduzir conversas delicadas. Essa ausência de diálogo estruturado abre espaço para insegurança, queda no engajamento e até perda de talentos, problemas que poderiam ser prevenidos com práticas simples de comunicação e acompanhamento contínuo.
O retorno construtivo continua sendo uma das ferramentas mais poderosas da liderança, pois vai muito além de avaliações formais ou críticas pontuais. Quando aplicado de forma estruturada e sincera, transforma-se em motor de aprendizado constante, permitindo que colaboradores e gestores identifiquem oportunidades de melhoria, fortaleçam habilidades e aprimorem processos. O foco não está em expor falhas, mas em abrir caminhos de evolução.
Mais do que um instrumento de desenvolvimento individual, trata-se de um mecanismo de construção de confiança. Conversas autênticas e respeitosas fortalecem vínculos entre líderes e equipes, criando ambientes em que as pessoas se sentem ouvidas, valorizadas e motivadas a contribuir com seu melhor desempenho. Essa aproximação transforma a relação profissional em parceria, em vez de simples hierarquia.
Para aumentar a clareza e a eficácia, muitas organizações têm adotado métodos estruturados que orientam líderes a apresentar evidências concretas, compreender o contexto do outro, falar com transparência e propor soluções viáveis. Com essa abordagem, o processo deixa de ser pontual e se torna prático, contínuo e transformador. Quando o feedback é incorporado à rotina, ele fortalece a cultura organizacional, onde mais do que corrigir erros, ele promove aprendizado constante, fortalece a confiança e permite que o desenvolvimento seja mensurável ao longo do tempo. Essa prática transforma líderes em facilitadores de crescimento e equipes em ambientes de alta performance.
A ausência de orientação é, por outro lado, uma das principais fontes de descontentamento no ambiente corporativo. Pesquisas de clima organizacional apontam que profissionais desassistidos tendem a se desengajar. O relatório anual State of the Global Workplace, da Gallup, mostrou que o engajamento global caiu de 23% para 21% em 2024, gerando uma perda estimada de US$ 438 bilhões (R$ 2,4 trilhões) em produtividade. O mesmo estudo indica que, se todas as empresas oferecessem experiências de alta qualidade de gestão de pessoas, a economia mundial poderia crescer até US$ 9,6 trilhões (R$ 54,5 trilhões).
O relatório também mostrou o impacto positivo de ambientes de trabalho engajadores, em que se todas as empresas oferecessem experiências de alta qualidade nesse quesito, a economia mundial poderia crescer até US$ 9,6 trilhões (R$ 54,5 trilhões). O índice de engajamento no Brasil alcançou 34% em 2024, um desempenho 13% acima da média mundial, mostrando que líderes que praticam feedback consistente contribuem para reduzir insatisfação, aumentar retenção de talentos e impulsionar a motivação interna.
Liderar, portanto, vai além de dar ordens ou controlar resultados, tratando-se de criar espaços de protagonismo e pertencimento, em que cada indivíduo compreende seu papel e se sente estimulado a evoluir. A devolutiva estruturada é a ferramenta mais direta e poderosa para isso, pois permite reconhecer conquistas, identificar oportunidades e guiar o desenvolvimento de forma empática.
Em resumo, feedback não é apenas uma prática de gestão, é a base para o crescimento conjunto, a construção de confiança e a manutenção de equipes conectadas a um propósito de desenvolvimento real. Quando incorporado de forma consistente, torna-se um catalisador de desenvolvimento humano e organizacional, capaz de transformar desafios em oportunidades de aprendizado. Empresas que cultivam essa cultura colhem melhores resultados, constroem relações mais duradouras, ambientes de maior colaboração e locais de trabalho verdadeiramente mais humanos.
Por Pablo Funchal
CEO da Fluxus Educação Corporativa, engenheiro e mestre pela UFSCar, MBA em Inovação pela UFSCar, fundador da xGB, professor de MBAs de Inovação da UFSCar e USP, ex-coordenador do MBI UFSCar, investidor-anjo em startups, membro do conselho da Beepay, ministrante de workshops, palestras e cursos sobre Inteligência Emocional, Teoria U, Feedback e Antifragilidade
Artigo de opinião