Por que perder massa muscular é mais perigoso que engordar: lições do caso Gracyanne Barbosa

A perda de massa magra vai além da estética, impactando saúde, metabolismo e recuperação, como mostra o episódio da musa fitness

O caso da musa fitness expõe um ponto crítico: a perda de massa magra não compromete apenas a estética, mas aumenta o risco de lesões, atrasa a recuperação e coloca a saúde articular e metabólica em xeque, tanto em atletas quanto em pessoas comuns.

A cena chamou atenção: durante uma apresentação no quadro “Dança dos Famosos”, Gracyanne Barbosa rompeu o tendão patelar do joelho. O acidente levou a uma cirurgia imediata, afastamento dos treinos e, como consequência, mudanças drásticas em seu corpo. Sem manter a rotina intensa de treinos e dieta que sempre seguiu à risca, ela relatou ter perdido massa muscular e, em pouco tempo, ganhou quase 19 quilos, passando de 72 kg antes da lesão para 91,3 kg após a alta hospitalar.

Mais do que um episódio isolado, o caso traz à tona um problema que médicos vêm alertando: a perda de massa magra é um dos maiores riscos para o corpo humano, independentemente de se tratar de atletas ou pessoas comuns.

O que é pior: engordar ou perder massa muscular?
A resposta pode surpreender: perder massa muscular costuma ser mais prejudicial à saúde do que simplesmente engordar. Isso porque os músculos não servem apenas para a estética ou para garantir força nos treinos, eles funcionam como verdadeiros órgãos metabólicos, que regulam o gasto energético, protegem os ossos e articulações e ainda controlam a sensibilidade à insulina.

Quando alguém perde massa magra, o corpo entra em um estado de fragilidade: a taxa metabólica cai, o risco de lesões e fraturas aumenta e até a imunidade pode ficar comprometida. O ganho de peso, por sua vez, pode ser revertido com ajustes de dieta e treino; já a perda significativa de músculos demanda um processo mais longo de recuperação, com fisioterapia, nutrição adequada e, muitas vezes, acompanhamento médico especializado.

A massa muscular é o seu escudo protetor
A massa muscular é muito mais que símbolo de força ou estética. Do ponto de vista médico, ela atua como um “amortecedor biológico”, ajudando a proteger tendões, articulações e ossos de sobrecargas.

Quando há perda significativa de massa magra, o corpo perde esse suporte natural, e estruturas como o tendão patelar ficam mais vulneráveis a lesões e rupturas. Além disso, músculos ativos desempenham papéis essenciais em:

– Metabolismo: ajudam no controle da glicemia e da sensibilidade à insulina.
– Hormônios: participam da regulação de diversos eixos hormonais.
– Imunidade: músculos produzem miocinas, substâncias que impactam positivamente a saúde imunológica.

O círculo vicioso da lesão: perda muscular + ganho de peso
No caso da Gracyanne, a interrupção abrupta dos treinos e a pausa na dieta criaram um desequilíbrio perigoso: menos músculo para sustentar um corpo que passou a pesar quase 20 quilos a mais.

Esse aumento de peso, somado à redução muscular, intensifica o estresse sobre as articulações e o joelho já fragilizado. O resultado é uma recuperação mais lenta, dor persistente e risco maior de novas complicações.

A boa notícia é que há estratégias médicas eficazes para reverter esse quadro:

– Nutrição proteica: garantir aporte adequado de proteínas de alta qualidade para estimular a síntese muscular, mesmo durante repouso.
– Suplementação estratégica: creatina, vitamina D, ômega-3 e aminoácidos essenciais podem acelerar a recuperação e reduzir inflamação.
– Fisioterapia e treino reabilitativo: fundamentais para estimular músculos sem sobrecarregar a articulação lesionada.
– Controle metabólico: acompanhar peso, hormônios e composição corporal para evitar o acúmulo de gordura e perda adicional de massa magra.

Embora o caso tenha ganhado repercussão por envolver uma atleta de alto rendimento, a mensagem vale para todos. A perda de massa muscular não é apenas um problema estético. Ela compromete equilíbrio, resistência, metabolismo e até a longevidade. E, ao contrário do que muitos pensam, esse processo pode começar cedo, em fases de sedentarismo, dietas restritivas ou em períodos de recuperação de doenças e cirurgias.

O caso de Gracyanne Barbosa mostra que até mesmo corpos extremamente treinados estão vulneráveis à perda muscular e suas consequências. Para além do universo fitness, a mensagem é clara: conservar massa magra é proteger sua saúde presente e futura.

Cuidar da alimentação, manter treinos regulares, buscar acompanhamento médico e não negligenciar a recuperação em momentos de lesão são atitudes que valem não apenas para atletas, mas para qualquer pessoa que queira viver com vitalidade e prevenir complicações.

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Por Dr. Ronan Araujo

Médico especializado em nutrologia pela ABRAN; membro da ABESO; CRM 197142; formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo

Artigo de opinião

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