Marcha das Mulheres Negras lança manifesto por justiça tributária e reparação histórica
Documento coletivo propõe caminhos para a justiça econômica e o Bem Viver da mulher negra no Brasil
A Marcha das Mulheres Negras, em parceria com o Instituto NoFront, lançou no dia 2 de outubro de 2025, na sede da Ação Educativa em São Paulo, o Manifesto Econômico da Marcha por Reparação e Bem Viver. O documento, elaborado coletivamente por mais de 300 mulheres negras de todas as regiões do Brasil, apresenta propostas para a justiça econômica, a reparação histórica e o direito ao Bem Viver da mulher negra. As informações são da assessoria de imprensa do evento.
Durante o lançamento, que reuniu mais de 60 pessoas, uma mesa formada por Ju Gonçalves, co-coordenadora de Comunicação da Marcha, a economista Gabriela Chaves e Bia Mendes, responsável pela sistematização do manifesto, discutiu a dívida histórica do Estado, empresas e instituições com a população negra. Elas ressaltaram a importância de políticas públicas reparatórias e apresentaram os sete eixos que estruturam o documento.
O conceito de Bem Viver, central no manifesto, propõe colocar a vida acima do lucro, redistribuir riqueza, valorizar o cuidado como trabalho essencial, reconhecer a natureza como sujeito de direitos e substituir o individualismo por práticas comunitárias e solidárias. Entre as medidas sugeridas estão a criação de um fundo nacional de reparação econômica, a garantia de equidade salarial de raça e gênero, além do acesso facilitado ao crédito para mulheres negras.
Para as organizadoras, a reparação institucional deve enfrentar a pilhagem econômica que sustentou a escravidão e o racismo no Brasil, taxar privilégios, responsabilizar instituições e assegurar que os recursos cheguem às mãos das mulheres negras. Gabriela Chaves, economista e fundadora do Instituto NoFront, destacou que o manifesto “é uma ferramenta de luta que demonstra insubmissão diante de um sistema que se sustenta sobre o trabalho, os corpos e os territórios das mulheres negras”.
O documento também evidencia a vulnerabilidade econômica enfrentada por mulheres negras no país. Segundo o manifesto, “nós, mulheres negras, estamos nos maiores índices de vulnerabilidade econômica e social do Brasil. Quase 80% das mulheres do país estão endividadas e cerca de 30% têm dívidas em atraso, muitas vezes contraídas para pagar comida e sobrevivência cotidiana. Esse endividamento, que cresceu desde a pandemia, só se multiplica no contexto de juros altos e perda de renda. Entre nós, mulheres negras, a precariedade é ainda mais dura: 63% dos lares chefiados por mulheres negras vivem abaixo da linha da pobreza; quase metade de nós está na informalidade, sem direitos trabalhistas ou seguridade social; e 21% das mulheres negras ocupadas sequer conseguem contribuir para a previdência. Somos também a maioria entre as trabalhadoras domésticas e outras ocupações de baixos salários.”
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver está marcada para o dia 25 de novembro, em Brasília (DF), e segue se estruturando em comitês temáticos para aprofundar debates estratégicos de transformação social. O lançamento do Manifesto Econômico representa um importante passo para refundar a economia a partir do Bem Viver e reafirmar o compromisso com a reparação histórica da população negra no Brasil.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA