Desafios e Oportunidades do Envelhecimento Acelerado no Brasil

Como garantir qualidade de vida e sustentabilidade para a crescente população idosa brasileira

O Brasil vive uma das transições demográficas mais rápidas do mundo. Segundo o IBGE, mais de 32 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais, o que representa 15% da população. As projeções indicam que, em 2030, o número de idosos superará o de crianças e adolescentes até 14 anos e, em 2060, quase um em cada três brasileiros será idoso. Esse cenário impõe desafios para a saúde, economia e políticas públicas, mas também abre oportunidades para avanços em inovação, inclusão social e valorização da longevidade.

Na área da saúde, o grande desafio é garantir não apenas maior expectativa de vida, mas também qualidade de vida. Atualmente, cerca de 75% da população idosa apresenta pelo menos uma condição crônica, como hipertensão, diabetes ou artrite, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, cresce de forma acelerada a prevalência de demências, com estimativa de que 1,7 milhão de brasileiros vivem hoje com Alzheimer, número que deve dobrar até 2050. Para a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, Dra. Rosmary Arias, “o envelhecimento é um processo natural, mas precisa ser encarado como uma prioridade nacional. Não basta apenas viver mais; é preciso garantir suporte para que os idosos tenham autonomia, bem-estar e dignidade. Isso significa investir em prevenção, cuidados continuados e políticas que incluam a família e a sociedade nesse processo”.

O impacto econômico também é expressivo. Atualmente, os idosos movimentam aproximadamente R$ 1,8 trilhão por ano no Brasil, de acordo com estudo da FGV. Conhecido como “economia prateada”, esse mercado é um dos que mais cresce e tem potencial para gerar empregos, estimular o turismo e fomentar a indústria de tecnologia assistiva.

Entre as ações práticas defendidas pela SBGG-SP para gestores públicos estão a ampliação do número de ambulatórios de geriatria e gerontologia em hospitais públicos, a criação de centros de convivência para promover o envelhecimento ativo nas cidades, a capacitação contínua de equipes multidisciplinares da atenção básica, o desenvolvimento de programas de apoio psicológico e financeiro para famílias cuidadoras e a incorporação de tecnologias como teleconsultas e dispositivos de monitoramento remoto. Para a sociedade em geral, as recomendações envolvem a adoção de hábitos de vida saudáveis desde cedo, a valorização do convívio intergeracional, o combate ao preconceito etário (idadismo), a participação em atividades físicas e sociais que preservem a autonomia, além do engajamento em redes de apoio comunitário. A entidade também reforça a importância da inclusão de conteúdos sobre envelhecimento saudável em campanhas nacionais de saúde e em currículos escolares e profissionais, de forma a preparar não apenas os sistemas, mas toda a sociedade, para atender às demandas da população idosa de hoje e do futuro.

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Por Renata Carvalho; Marcus Vinicius

Artigo de opinião

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