Golpes de carros no Facebook: por que pedem entrada de até R$ 10 mil?
Valores médios são a “zona doce” dos criminosos: grandes o bastante para doer, pequenos o bastante para não chamar atenção imediata
Quem já navegou pelo Facebook Marketplace certamente já se deparou com anúncios tentadores de carros com preço abaixo da média. O detalhe está sempre na “entrada”: muitas vezes, pedem um sinal entre R$ 5 mil e R$ 10 mil para “segurar o carro”. Mas por que essa quantia é tão comum entre golpistas?
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O atrativo da “entrada alta”
Esses valores não são escolhidos ao acaso. Para o golpista, eles funcionam porque:
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Passam falsa seriedade: sinal alto transmite “confiança” para a vítima, como se fosse prática comum em negociações reais.
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Ganho rápido: uma vítima rende muito mais que vários pequenos golpes.
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Logística fácil: valores médios são simples de dividir entre contas ou sacar, dificultando rastreamento.
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Menos atenção imediata: não são cifras milionárias que acendem alertas instantâneos, mas já são quantias dolorosas para a vítima.
“Piora o crime”?
Na prática:
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Para a vítima: sim, o prejuízo é alto e difícil de recuperar.
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Para o criminoso: é o equilíbrio ideal entre lucro e discrição.
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Para autoridades: valores nessa faixa podem ser investigados, mas nem sempre com a urgência que uma fraude maior teria.
Como funcionam esses golpes
O roteiro se repete:
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Anúncio com fotos falsas ou clonadas.
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Preço abaixo do mercado, chamando atenção.
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Pressa para fechar negócio: “dê o sinal agora e o carro é seu”.
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Pagamento via Pix ou transferência — formas rápidas e quase irreversíveis.
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Desaparecimento do vendedor ou desculpas para pedir mais dinheiro.
Como se proteger
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Nunca pague sinal sem ver o carro pessoalmente.
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Leve alguém com você e exija documentos do vendedor e do veículo.
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Pesquise o histórico do veículo no Detran ou serviços especializados.
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Prefira meios de pagamento com garantias (plataformas de intermediação, transferência feita em banco na frente do vendedor).
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Desconfie de preços muito abaixo da média.
Se você já foi vítima
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Guarde todos os prints, comprovantes e o link do anúncio.
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Avise o banco imediatamente e peça bloqueio do Pix.
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Registre boletim de ocorrência, preferencialmente na delegacia especializada em crimes digitais.
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Denuncie o anúncio ao Facebook.
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Compartilhe a experiência para alertar outras pessoas.
Conclusão
Golpes de carros no Facebook com entrada de até R$ 10 mil se aproveitam justamente do valor médio: pesado o suficiente para gerar lucro ao criminoso, mas não tão alto a ponto de despertar suspeita imediata. A melhor defesa é a informação — e a desconfiança saudável diante de ofertas boas demais para ser verdade.