Geração Prateada: a experiência que está revolucionando o mercado de trabalho no Brasil
Como profissionais com mais de 60 anos transformam empresas com sua resiliência, conhecimento e propósito
O Brasil está passando por uma transformação demográfica que redefine o cenário do trabalho. Dados recentes da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelam um crescimento expressivo: o número de pessoas com 60 anos ou mais ocupadas aumentou 68,9% entre 2012 e 2024, passando de 5,1 milhões para 8,6 milhões. Esse movimento vai além de estatísticas, sinalizando uma mudança cultural profunda: a chamada Geração Prateada não busca o trabalho apenas por necessidade financeira, mas também por propósito, autonomia e realização pessoal.
Para os profissionais dessa faixa etária, o trabalho assume múltiplos significados, sendo fonte de autoestima, conexão social e senso de utilidade. A Geração Prateada não está apenas ocupando posições; ela quer contribuir com sua experiência acumulada e impactar positivamente a organização. O trabalho se torna, muitas vezes, uma forma de continuar aprendendo, se reinventando e exercitando a autonomia.
A presença de profissionais seniores nas empresas promove uma rica diversidade de pensamento, fortalece a cultura de mentorias internas e contribui para a formação de equipes mais colaborativas. Pesquisas internacionais indicam que organizações com colaboradores 60+ ativos registram maior inovação em processos internos e uma retenção de talentos superior em comparação àquelas que subestimam essa faixa etária.
Apesar do crescimento expressivo, nem todos os profissionais 60+ desfrutam de condições de trabalho ideais. Dados da FGV e do IBGE apontam que mais da metade dos trabalhadores dessa faixa etária (53,8%) está na informalidade, índice que é ainda maior entre aqueles com ensino fundamental completo (68,5%). Esse cenário evidencia a precarização de rendimentos, a falta de direitos trabalhistas e os desafios no acesso a programas de capacitação e desenvolvimento profissional.
A experiência da Geração Prateada é um ativo estratégico, mas muitas empresas ainda não estruturaram políticas que favoreçam sua inclusão plena. Programas de desenvolvimento contínuo, mentorias e treinamentos tecnológicos são essenciais para que esses profissionais permaneçam ativos e produtivos.
Estudos demonstram que idade não é sinônimo de limitação. Pelo contrário, profissionais 60+ frequentemente exibem alta resiliência, inteligência emocional e uma capacidade de tomada de decisão fundamentada – habilidades cruciais em ambientes de alta pressão.
Para capitalizar sobre o valor da Geração Prateada, as organizações podem implementar estratégias focadas na inclusão e no desenvolvimento:
– Programas de capacitação contínua: oferecer cursos, treinamentos e workshops, incluindo novas tecnologias e metodologias ágeis, para manter os profissionais atualizados.
– Mentorias e compartilhamento de conhecimento: criar espaços formais onde profissionais seniores atuem como mentores, transmitindo sua vasta experiência e habilidades comportamentais.
– Flexibilidade de jornada: adotar modelos híbridos, de trabalho em tempo parcial ou consultorias internas, permitindo que os profissionais mantenham a produtividade sem comprometer a saúde e a qualidade de vida.
– Reconhecimento e propósito: envolver profissionais 60+ em projetos estratégicos, comitês e atribuições de impacto para aumentar o engajamento e o senso de valor.
– Suporte à saúde física e mental: implementar programas de bem-estar, acompanhamento psicológico e incentivo a hábitos saudáveis, contribuindo para a longevidade profissional.
Para os próprios profissionais da Geração Prateada que desejam permanecer relevantes e ativos, algumas recomendações práticas são fundamentais:
– Atualização constante: investir em cursos, certificações e no desenvolvimento de habilidades digitais.
– Networking estratégico: conectar-se com colegas de diferentes gerações, ampliando a rede de contatos e oportunidades.
– Autoconhecimento: identificar pontos fortes e paixões, alinhando-os a novos projetos ou funções.
– Flexibilidade e resiliência: manter-se aberto a mudanças, aprendendo novas metodologias e adaptando-se a tecnologias emergentes.
– Propósito e contribuição: buscar papéis que gerem impacto, seja em liderança, consultoria ou projetos estratégicos.
O segredo da longevidade profissional não é apenas a experiência acumulada, mas a capacidade de se reinventar, aprender continuamente e compartilhar conhecimento. Quando a Geração Prateada se sente valorizada e com propósito, ela se torna um motor de transformação dentro das empresas.
O aumento da Geração Prateada no mercado de trabalho brasileiro representa mais do que uma mudança demográfica; é uma oportunidade estratégica para empresas que buscam fortalecer sua cultura, reter talentos e estimular a inovação. Mais do que números, esses profissionais oferecem experiência, inteligência emocional, resiliência e uma visão estratégica que pode ser transformadora.
Investir na inclusão, valorização e desenvolvimento contínuo da Geração Prateada não é apenas uma questão ética; é uma decisão inteligente de negócios. O verdadeiro capital de uma empresa é a soma das experiências e do potencial de seus colaboradores. Dar espaço, voz e suporte à Geração Prateada é reconhecer que o talento não tem idade, e que a contribuição de quem tem mais de 60 anos é, muitas vezes, fundamental para toda a organização.
Por Madalena Feliciano
CEO, Neuroestrategista Corporativa, Criadora do Método Neurovision, Empresária, CEO de três empresas (Outliers Careers, IPC e MF Terapias), consultora executiva de carreira, terapeuta, mentora de líderes e equipes, especialista em gestão de carreira e desenvolvimento humano, administradora, estudou Terapias Alternativas, MBA em Hipnoterapia, Master Coach, Master em PNL e Hipnoterapeuta
Artigo de opinião