É possível quitar um imóvel de 30 anos em apenas 3? O mito explicado
Promessa comum em vídeos virais esconde cálculos irreais e ignora renda média do brasileiro
Muitos vídeos de influenciadores financeiros circulam nas redes sociais com a promessa: “Você pode quitar um financiamento imobiliário de 30 anos em apenas 3”. A ideia parece tentadora, especialmente para quem sonha em sair do aluguel. Mas será que isso realmente funciona?
A conta que não fecha
Um imóvel comum no Estado de São Paulo pode facilmente custar R$ 790 mil. Para quitá-lo em apenas 3 anos, a família precisaria acumular mais de R$ 20 mil líquidos por mês, sem falhar.
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Segundo o IBGE, a renda média domiciliar brasileira é de cerca de R$ 7 mil.
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Isso mostra que, para a imensa maioria dos brasileiros, a conta simplesmente não fecha.
Ou seja: só é possível se você já tiver o dinheiro praticamente todo em mãos.
O truque do FGTS e da amortização
Muitos desses vídeos falam em “usar o FGTS” e “amortizar parcelas” para reduzir o tempo da dívida. É verdade que isso pode ajudar a diminuir o saldo devedor, mas não faz milagres.
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O FGTS rende apenas 3% ao ano + TR, perdendo para boa parte dos investimentos de renda fixa.
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Amortizar é válido, mas exige que você tenha sobras de caixa constantes. Quem vive no limite dificilmente vai conseguir repetir isso mês a mês.
Comprar não é sempre melhor que alugar
Outro bordão repetido é que “aluguel é dinheiro jogado fora”. Mas é preciso comparar com os juros do financiamento.
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Em 30 anos, os juros pagos podem chegar a 80% do valor do imóvel.
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Dependendo da situação, alugar e investir a diferença pode ser mais inteligente — desde que haja disciplina.
O que esses vídeos não contam
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Custos extras: escritura, cartório, ITBI, condomínio, manutenção, impostos.
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Risco de desemprego ou queda de renda, realidade comum no Brasil.
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Desvalorização imobiliária: imóveis não sobem de preço para sempre.
Esses fatores raramente são lembrados quando alguém promete um caminho rápido para a casa própria.
Conclusão
Quitar um imóvel em 3 anos não é impossível — mas só para quem já tem a renda muito acima da média ou o dinheiro quase todo disponível. Para o brasileiro comum, o melhor caminho é planejamento financeiro realista, avaliação de alternativas e decisões conscientes, sem fórmulas mágicas.