Cérebro pode usar gordura própria como energia em maratonas, revela estudo inovador

A mielina, revestimento gorduroso dos neurônios, atua como reserva energética em situações de extrema demanda, uma adaptação evolutiva essencial para o funcionamento cerebral em provas de longa duração

Uma pesquisa recente publicada na revista Nature Metabolism revelou uma descoberta surpreendente sobre o funcionamento do cérebro durante maratonas: ele pode recorrer à própria gordura como fonte de energia quando a glicose está em falta. A substância envolvida nesse processo é a mielina, que reveste e protege os neurônios.

A mielina é uma camada rica em gordura que acelera a condução dos impulsos elétricos no sistema nervoso, sendo produzida pelos oligodendrócitos. Ela é especialmente abundante em áreas cerebrais que controlam o movimento, a integração sensorial e as emoções. O estudo mostrou que, em situações de extrema exigência energética, como provas de longa duração, a mielina pode ser temporariamente “consumida” para suprir a demanda energética do cérebro.

Analisando dez maratonistas por meio de ressonâncias magnéticas antes e depois da corrida, os pesquisadores observaram uma redução significativa nos marcadores de mielina em algumas regiões cerebrais entre 24 e 48 horas após a prova. Embora essa perda seja leve e reversível, a recuperação completa pode levar até dois meses.

Esse fenômeno, denominado “plasticidade metabólica da mielina”, representa uma adaptação evolutiva importante. A capacidade de usar a mielina como reserva energética teria sido crucial para nossos ancestrais, permitindo que o cérebro mantivesse seu funcionamento eficiente durante longas jornadas de caça, mesmo diante da escassez de nutrientes.

Essa descoberta amplia nossa compreensão sobre a flexibilidade metabólica do cérebro e sua capacidade de adaptação em situações extremas, ressaltando a importância da mielina não apenas como isolante elétrico, mas também como um estoque emergencial de energia vital para a sobrevivência e desempenho cerebral.

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Por Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Pós-PhD em Neurociências, membro da Sigma Xi – The Scientific Research Honor Society, Society for Neuroscience (EUA), Royal Society of Biology, The Royal Society of Medicine (Reino Unido), APA – American Philosophical Association (EUA); Mestre em Psicologia; Licenciado em História e Biologia; Tecnólogo em Antropologia e Filosofia; autor de mais de 280 estudos científicos e 26 livros; professor na PUCRS (Brasil), UNIFRANZ (Bolívia) e Santander (México); Diretor do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito; criador do projeto GIP; membro de sociedades de alto QI; registro de jornalista; professor convidado e orientador acadêmico da Faculdade FAEV.

Artigo de opinião

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