Carreira em Transição: Desafios e Verdades que Ainda Pesam Mais sobre as Mulheres

Entenda como barreiras invisíveis e mitos impactam a jornada feminina na busca por propósito, equilíbrio e qualidade de vida profissional

Um estudo recente da McKinsey revelou que quatro em cada dez pessoas cogitam trocar de carreira. Esse dado evidencia um movimento global: profissionais de diferentes áreas estão reavaliando seus caminhos não apenas por questões financeiras, mas sobretudo em busca de propósito, equilíbrio e bem-estar.

No entanto, essa tendência revela diferenças marcantes entre homens e mulheres. Enquanto homens tendem a priorizar ascensão salarial e contam com networking mais acessível, as mulheres enfrentam desafios adicionais, como viés de gênero no recrutamento, a necessidade de conciliar responsabilidades familiares com a transição e uma menor representação em cargos de liderança, o que pode prolongar o período de busca por novas oportunidades. A transição de carreira está menos associada à instabilidade e muito mais ao autoconhecimento e à busca por qualidade de vida.

Os departamentos de Recursos Humanos precisam se adaptar para acolher talentos em transição, integrando diferentes trajetórias profissionais às equipes, especialmente considerando as barreiras de gênero. O mercado deve abandonar a visão de que trocar de carreira é sinal de indecisão. Pelo contrário, trata-se de um processo de amadurecimento e realinhamento de valores. As organizações que souberem valorizar essa diversidade de experiências sairão na frente.

Alguns mitos e verdades comuns sobre a transição feminina merecem destaque:

Mito: Mulheres mudam de emprego mais por impulsividade emocional.
Verdade: Estudos mostram que as transições femininas são frequentemente motivadas por uma busca estratégica por equilíbrio entre vida profissional e pessoal, impulsionada por fatores como maternidade e desigualdades salariais.

Mito: Trocar de carreira é mais arriscado para mulheres devido à falta de suporte.
Verdade: Com planejamento, as mulheres podem transformar essa mudança em uma oportunidade de empoderamento, acessando mentorias específicas e redes de apoio que aceleram o progresso.

Mito: Homens se adaptam melhor a novas áreas por terem mais experiência técnica.
Verdade: Mulheres frequentemente trazem habilidades transferíveis únicas, como resiliência e multitarefa, desenvolvidas em contextos de maior escrutínio, o que enriquece equipes diversas.

Para quem deseja dar esse passo, especialmente mulheres que podem precisar de estratégias extras para superar obstáculos, recomenda-se cinco pontos essenciais para conduzir a mudança de forma responsável, tanto do ponto de vista mental quanto financeiro:

1. Autoconhecimento: entender seus valores, motivações e expectativas.
2. Planejamento financeiro: criar uma reserva que permita enfrentar o período de transição.
3. Capacitação contínua: investir em cursos e formações que abram portas na nova área.
4. Networking estratégico: aproximar-se de profissionais que já atuam no setor desejado.
5. Saúde mental em primeiro lugar: buscar apoio terapêutico ou de mentoria para lidar com inseguranças.

O estudo da McKinsey reforça uma tendência já observada após a pandemia: os profissionais não querem apenas um emprego, mas sim um projeto de vida que faça sentido. Nesse cenário, empresas e RHs que criarem espaços de acolhimento e incentivo à transição, com foco em equidade de gênero, terão equipes mais engajadas e alinhadas às transformações do mundo do trabalho.

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Por Luciane Rabello

Psicóloga, especialista em Recursos Humanos, CEO da TalentSphere, docente, especialista em gestão de pessoas e multiculturalismo, com mais de 20 anos de experiência em gestão estratégica de pessoas em empresas globais como Red Bull, Adidas, Palfinger Group e Siemens Energy

Artigo de opinião

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