Cinco práticas pedagógicas essenciais para a inclusão efetiva na sala de aula
Como educadores podem valorizar a diversidade e promover a equidade no processo educativo por meio da mediação e adaptação curricular
De acordo com dados do Censo Escolar de 2024, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas um em cada três estabelecimentos de ensino da Educação Básica que possuem matrículas de estudantes público-alvo da Educação Especial oferece atendimento educacional especializado (AEE). Esse dado evidencia a urgência de promover práticas pedagógicas que garantam uma educação inclusiva, assegurando que todos os alunos alcancem bons resultados.
Muitos educadores não foram preparados ou não possuem conhecimento suficiente sobre as especificidades de alunos atípicos e neurodivergentes. Para uma mediação eficaz, que possibilite o real aprendizado de todos, seja individual ou coletivo, é fundamental conhecer as necessidades e, principalmente, as potencialidades do aluno. O professor deve realizar atividades e dialogar a partir do que o estudante consegue desenvolver, estabelecendo novos desafios de forma individualizada.
A inclusão não é um ato isolado; deve partir de toda a comunidade escolar, envolvendo gestores, coordenadores, professores, auxiliares, atendentes terapêuticos, alunos e famílias. É importante lembrar que todos os alunos pertencem a uma família que traz valores essenciais como respeito, empatia, cooperação e afeto, fundamentais para que a inclusão aconteça dentro e fora da escola.
Uma instituição educacional que prioriza a equidade em seu projeto pedagógico promove o respeito entre todas as diferenças, garantindo que cada aluno tenha oportunidade de aprender e ser incluído. É papel da escola auxiliar os professores na elaboração do Plano de Desenvolvimento Individualizado (PEI), que envolve intervenções específicas, adaptações curriculares e atividades ajustadas a partir do diálogo com a família, observações e diagnósticos de profissionais especializados. O objetivo é oferecer condições e recursos para que as estratégias previstas sejam realmente executadas, promovendo a aprendizagem para todos.
Para contribuir com uma educação mais inclusiva, destacam-se cinco práticas pedagógicas fundamentais:
1. Estabelecer diálogos abertos entre família e escola: conhecer o aluno é essencial e isso se dá por meio de conversas sinceras com os familiares. A relação deve ser de parceria, trocas constantes e respeito, com a família confiando na escola e informando como pode auxiliar no desenvolvimento do filho.
2. Realizar adaptações curriculares: somente após conhecer o aluno e identificar como ele se comporta e desenvolve as atividades, é possível elaborar um Plano de Desenvolvimento Individualizado (PEI) que contemple as adaptações necessárias, respeitando o caráter coletivo da escola.
3. Propor atividades que atendam às diversas deficiências, sejam sensoriais, motoras ou cognitivas: essas atividades permitem que todos os alunos vivenciem e compreendam melhor as necessidades dos colegas.
4. Desenvolver atividades inclusivas: envolver todos os alunos para que possam se conhecer, promovendo empatia, resolução de conflitos, tolerância, respeito às necessidades individuais e cooperação.
5. Manter flexibilidade: ajustes na didática são sempre necessários. Não basta fazer a melhor adaptação curricular se ela não estiver funcionando para determinado aluno. É fundamental rever e refazer adaptações quantas vezes forem necessárias.
Essas práticas são essenciais para que a escola cumpra seu papel de promover uma educação inclusiva, que valorize a diversidade e garanta a equidade no processo educativo.
Por Stella Maris Bicalho de Paiva
Psicóloga, psicopedagoga e autora da Rede Pitágoras
Artigo de opinião