Saúde Mental nas Empresas: De Tabu a Pilar Estratégico para o Sucesso Organizacional
Como a valorização do bem-estar psicológico transforma ambientes corporativos e impulsiona produtividade e inovação
O Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, transcendeu a esfera social e consolidou sua importância no ambiente corporativo. Se antes a saúde mental era um tema marginalizado, hoje ela emerge como um pilar essencial para a sustentabilidade e a inovação nas organizações. Os dados globais e nacionais sublinham essa urgência: a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo, sendo 90% dos casos relacionados a transtornos mentais não tratados, como depressão e ansiedade.
No Brasil, o cenário não é menos preocupante. Uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a UFRJ (2024) revelou que sete em cada dez trabalhadores reportam altos níveis de estresse, e mais da metade já considerou abandonar o emprego devido à sobrecarga emocional. Esses indicadores reforçam a necessidade de as empresas assumirem um papel proativo na promoção do bem-estar psicológico de seus colaboradores.
Para Madalena Feliciano, neuroestrategista corporativa e CEO de três empresas, o Setembro Amarelo serve como um catalisador para uma reflexão mais profunda sobre a gestão de pessoas. “A empresa que olha para a saúde mental dos colaboradores não está apenas fazendo uma ação social, mas garantindo produtividade, retenção de talentos e um clima organizacional saudável”, afirma a especialista. “O colaborador que se sente ouvido e apoiado entrega mais e permanece por mais tempo na companhia.”
Liderança: o elo fundamental no cuidado emocional
Um dos pilares dessa transformação é a atuação da liderança. Gestores precisam estar aptos a identificar sinais de sofrimento emocional e a agir de forma assertiva e respeitosa, sem invadir a privacidade do profissional. A neurociência aplicada ao ambiente corporativo já demonstrou que ambientes psicologicamente seguros são determinantes na redução de índices de absenteísmo e conflitos internos, promovendo equipes mais coesas e produtivas.
Madalena Feliciano reitera a importância de capacitar esses líderes: “Não se trata de transformar gestores em psicólogos, mas em pessoas com escuta ativa, empatia e preparo para encaminhar os profissionais aos recursos corretos. Um líder bem treinado pode ser o primeiro e mais importante elo de suporte dentro da organização.”
Ações contínuas para um ambiente de trabalho saudável
A transição de uma campanha pontual para uma cultura de suporte exige ações práticas e integradas à estratégia de RH. Entre as iniciativas que as empresas podem adotar, destacam-se:
– Palestras e Rodas de Conversa: Criar espaços seguros para diálogo, educação e desmistificação sobre saúde mental.
– Treinamento de Líderes: Capacitar gestores para reconhecer sinais de estresse, esgotamento (burnout) e outras condições, e para oferecer o primeiro suporte adequado.
– Programas de Apoio Psicológico: Oferecer acesso facilitado a acompanhamento terapêutico, seja por meio de convênios, plataformas digitais ou programas de assistência ao empregado.
– Políticas de Equilíbrio e Bem-Estar: Incentivar práticas como pausas estruturadas, modelos de trabalho flexíveis (como o home office em dias estratégicos), e uma gestão de metas que priorize a saúde do colaborador.
– Cultura de Acolhimento: Quebrar o estigma em torno da busca por ajuda, cultivando um ambiente onde a vulnerabilidade é vista como parte da experiência humana e o suporte é a norma.
A efetividade dessas ações é comprovada: um levantamento do Great Place to Work (GPTW, 2025) aponta que empresas com programas ativos de suporte à saúde mental registram 45% menos rotatividade e 31% maior engajamento entre seus colaboradores.
Um olhar estratégico para o futuro
O Setembro Amarelo nas empresas deve transcender a campanha anual e se consolidar como um ponto de partida para a criação de políticas contínuas e abrangentes de suporte emocional. É uma questão de humanidade e, inegavelmente, de estratégia de negócios.
Madalena Feliciano conclui com uma visão que une bem-estar e performance: “A saúde mental é a base para qualquer performance de alto nível e inovação sustentável. Sem equilíbrio emocional, não existe criatividade, não existe produtividade duradoura. Cuidar das pessoas é, antes de tudo, cuidar do futuro da própria empresa.”
Por Madalena Feliciano
CEO, Neuroestrategista Corporativa, Criadora do Método Neurovision, Empresária, CEO de três empresas (Outliers Careers, IPC e MF Terapias), consultora executiva de carreira, terapeuta, mentora de líderes e equipes, especialista em gestão de carreira e desenvolvimento humano, administradora, estudou Terapias Alternativas, MBA em Hipnoterapia, Master Coach, Master em PNL e Hipnoterapeuta
Artigo de opinião