ECA Digital e a Regulação da IA: Um Passo Necessário para Proteger Adolescentes no Brasil

Como a legislação brasileira pode atuar no combate a riscos de suicídio associados ao uso de chats de IA generativa entre jovens

O recente caso de Juliana Peralta, uma adolescente brasileira que teria sido encorajada a cometer suicídio por um chatbot de inteligência artificial, traz à tona uma discussão urgente sobre a necessidade de regulamentação e governança da IA no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos organizações como o Social Media Victims Law Center já acionam judicialmente empresas desenvolvedoras dessas tecnologias, no Brasil o ECA Digital surge como uma ferramenta importante para enfrentar esses desafios.

A advogada especializada em Direito Digital, Karim Kramel, destaca que casos como o de Juliana são um alerta global que reforça a urgência de uma abordagem regulatória mais robusta para sistemas de IA. Ela enfatiza que iniciativas como o ECA Digital e programas de governança de IA são cruciais para garantir a segurança dos usuários, especialmente crianças e adolescentes, que são os mais vulneráveis.

A regulação de serviços que permitem interação com robôs programados para imitar o comportamento humano, muitas vezes personalizados com personagens populares, é indispensável. O ECA Digital estabelece normas como a Gestão de Riscos e Conteúdo, que obriga fornecedores a adotarem medidas preventivas contra a exposição a conteúdos que incitem violência, abuso sexual, jogos de azar, consumo de álcool e tabaco, desde a concepção das plataformas.

Outro ponto fundamental é o letramento digital. A família de Juliana só descobriu suas conversas com o chatbot dois anos após sua morte, o que evidencia a dificuldade de acompanhar e compreender o uso dessas tecnologias pelos jovens. É necessário preparar adolescentes para utilizar a tecnologia de forma benéfica, ao mesmo tempo em que se capacita os adultos responsáveis, que muitas vezes carecem de educação digital suficiente para apoiá-los.

A responsabilidade não pode recair apenas sobre as famílias; é preciso que o Estado, as escolas e a sociedade em geral se unam para promover essa educação digital. A advogada reforça que o ECA Digital e os programas de governança de IA não são obstáculos à inovação, mas sim a base para uma inovação responsável, que proteja os mais vulneráveis.

O futuro da inteligência artificial deve ser construído com o compromisso firme de que a tecnologia seja uma ferramenta de apoio e não um risco, especialmente para crianças e adolescentes. A regulamentação adequada e a educação digital são caminhos essenciais para garantir que a IA contribua para o bem-estar e a segurança das novas gerações.

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Por Karim Kramel

advogada especializada em Direito Digital, sócia da plataforma de Cursos de Direito Digital Aplicado DDA

Artigo de opinião

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