A Revolução dos Biossimilares no Tratamento das Doenças Autoimunes no Brasil

Como terapias seguras e acessíveis estão transformando o cuidado e promovendo equidade no sistema de saúde brasileiro

O avanço dos biossimilares está mudando o panorama do tratamento de doenças autoimunes no Brasil. Mais acessíveis e com eficácia e segurança comparáveis aos medicamentos biológicos de referência, conhecidos como originadores, os biossimilares já começam a ser indicados como primeira opção em casos como artrite reumatoide, psoríase e doença de Crohn. Especialistas apontam que a tendência deve ampliar o acesso de pacientes e reduzir desigualdades entre o sistema público e a saúde suplementar, aproximando o país de modelos já consolidados na Europa.

A chegada dos biossimilares representa uma mudança de paradigma na forma como médicos e pacientes encaram a jornada do tratamento. Os biossimilares oferecem uma alternativa terapêutica de alta qualidade, com eficácia e segurança comparáveis aos medicamentos biológicos de referência. Mas o grande diferencial está no acesso: ao reduzir custos, eles permitem que mais pacientes iniciem a terapia mais cedo, o que melhora os resultados clínicos e a qualidade de vida.

Nos últimos anos, a participação dos biossimilares nas prescrições médicas no Brasil vem crescendo, embora ainda seja menor do que em mercados maduros, como o europeu, que tem uma trajetória com biossimilares desde 2006. A expectativa é de expansão acelerada com o vencimento de patentes de biológicos de referência e o fortalecimento das políticas públicas de incentivo ao uso. Com a entrada de novos biossimilares e a conscientização de médicos e pacientes, veremos um aumento substancial de sua adoção. Isso pode aproximar o Brasil de países onde essas terapias já são a primeira linha de tratamento em doenças autoimunes.

Esse movimento já pode ser observado em algumas áreas terapêuticas, especialmente em contextos nos quais a otimização de custos é imperativa, como no sistema público de saúde. Em doenças como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn e colite ulcerativa, os biossimilares de moléculas como adalimumabe, infliximabe e etanercepte já são frequentemente considerados desde o início da terapia. A robustez dos dados de segurança e eficácia acumulados globalmente, somada às diretrizes clínicas que os apoiam, tem fortalecido sua posição como primeira opção em muitos casos.

Apesar da robustez científica, ainda persistem dúvidas entre pacientes sobre a troca de um medicamento originador por um biossimilar. A chave está na educação e no diálogo: é fundamental desmistificar a ideia de que “similar” significa “inferior”. São medicamentos avaliados com o mesmo rigor por agências como Anvisa, FDA e EMA. A decisão de troca deve ser sempre individualizada, com acompanhamento médico e comunicação clara, para transmitir confiança e segurança.

O impacto dos biossimilares vai além do consultório e pode representar um passo decisivo para reduzir desigualdades no acesso a terapias inovadoras. Esses medicamentos têm o potencial de diminuir a disparidade entre o SUS e a saúde suplementar, possibilitando que pacientes sejam tratados mais cedo e de forma mais ampla. Isso se traduz em menos hospitalizações, menor progressão da doença e maior equidade na saúde.

A experiência internacional mostra que os biossimilares são aliados estratégicos para a sustentabilidade dos sistemas de saúde. O Brasil está diante de uma oportunidade única: o futuro das doenças autoimunes com biossimilares é promissor. É um caminho sem volta, que pode levar a uma medicina mais justa, eficiente e acessível. Mas para isso, é essencial a colaboração entre governo, indústria, médicos, pacientes e sociedades científicas.

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Por Luiz Felipe Dipe

Reumatologista convidado pela Organon

Artigo de opinião

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