Liderança Feminina e Novos Modelos Transformam a Advocacia Brasileira

Como a presença crescente das mulheres está remodelando a cultura dos escritórios jurídicos com diversidade, colaboração e inovação

No Brasil, as mulheres já representam mais da metade dos profissionais da advocacia, correspondendo a 50,8% dos inscritos na Ordem dos Advogados, de acordo com o 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira (Perfil ADV), elaborado pela FGV a pedido do Conselho Federal da OAB. Apesar dessa predominância, elas ainda são minoria em cargos de liderança — 28% no setor público, 34% nas áreas jurídicas corporativas e 21% no Judiciário — cenário que tem impulsionado a criação de escritórios mais horizontais e colaborativos, conduzidos por empreendedoras que apostam em diversidade e inovação.

A mudança nasce de uma insatisfação crescente com o modelo tradicional. Muitas mulheres ingressam no mercado com excelente formação técnica, mas encontram barreiras para se firmar em cargos de liderança. Ao empreender, elas buscam não apenas autonomia, mas também um formato de trabalho que valorize diversidade, equilíbrio e sustentabilidade.

Nesse contexto, programas de mentoria jurídica têm capacitado milhares de profissionais a estruturar seus próprios negócios. Essa iniciativa no setor imobiliário já orientou mais de 2 mil advogadas em transição de carreira, com resultados de até 80% de aumento na renda em um ano.

Esses novos escritórios jurídicos apostam em culturas organizacionais mais abertas, com processos claros, times colaborativos e foco em gestão estratégica. O modelo busca evitar a lógica hierárquica e exaustiva que predomina em grandes bancas. O direito precisa acompanhar as transformações sociais. É possível construir práticas jurídicas sustentáveis, que preservem a saúde das profissionais e tragam mais valor para os clientes.

A criação de redes de apoio e de mentorias entre advogadas também tem sido apontada como diferencial para a retenção de talentos e para o fortalecimento da liderança feminina. A sororidade jurídica é um ativo estratégico. Quando uma mulher vê outra conquistando espaço com equilíbrio e propósito, ela entende que também pode trilhar esse caminho.

Com a proximidade da reforma tributária em 2026 e a digitalização acelerada dos serviços jurídicos e imobiliários, os escritórios precisam adotar modelos de gestão inovadores que unam crescimento e transformação cultural no setor. Estamos diante de um novo ciclo da advocacia, no qual os escritórios deixam de depender exclusivamente do dono para se tornarem organizações colaborativas, sustentáveis e alinhadas às demandas reais da sociedade.

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Por Siglia Azevedo

Advogada, especialista em direito imobiliário, mestre em sistemas de resolução de conflitos, doutoranda em direito civil, referência nacional em mediação de conflitos condominiais, palestrante.

Artigo de opinião

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